sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Ecovia Atlântica e Ecopista do Rio Minho

  

Rio Minho

O final de Agosto de 2021 foi aprimorado com umas magníficas  de mini-férias a pedal, em jornada dupla que decorreu pela orla Atlântica entre Viana do Castelo e Caminha, estendendo-se depois para montante do  rio Minho, através da Ecopista que acompanha a sua margem esquerda. O passeio foi iniciado na foz do rio Lima, junto à marina de Viana, onde se situa a Pousada de Juventude. Assim que aprontámos as bicicletas, rolámos em direcção ao centro histórico  na incontornável e icónica Pastelaria "Manuel Natário", situada na rua Manuel Espregueira, junto à Praça Central, onde lográmos ganhar lugar no mundo das imperdíveis e maravilhosas Bolas de Berlim.

segunda-feira, 26 de abril de 2021

Canal des Deux-Mers (II): Canal du Midi em bicicleta

 

Écluse de Vic, em Castanet-Tolosan 


Texto de António José Soares. Fotografia António José Soares e António Pedro Carvalho


Jornada a pedalar ao longo do canal, pelo  País Cátaro, entre Toulouse e Carcassonne.

Toulouse
A chegada a Toulouse encerrou a primeira fase da aventura pelo Canal des Deux-Mers, ao chegar ao fim o percurso pelo Canal Latéral de La Garonne. 
O estado de espírito em relação à segunda parte que se iria seguir era de alguma apreensão, mormente sobre o o eventual surgimento de  dificuldades adicionais relacionadas com as implicações geradas pelo abate dos muitos plátanos ao longo do canal, e a consequente diminuição de zonas de sombra que tal acção comportou. Também o surgimento do tipo de piso um bastante mais irregular em muitos troços, implicaria  forçosamente uma diminuição da velocidade média diária.
A estadia no parque de campismo de Toulouse foi aproveitada de forma exemplar para retemperar forças e recarregar energias para nova jornada. Assim que deixámos o parque, os primeiros quilómetros, até ao centro da cidade, foram efectuados na companhia de uma ciclista francesa que também pernoitou no mesmo parque, e que agora finalizava o seu Tour de VTT, com início nos Pirinéus. Aproveitámos os breves instantes e fomos trocando alguns dedos de conversa até ao início do Canal du Midi, altura em que nos despedimos, seguindo destinos opostos. 

Ramonville-Saint-Agne
Talvez um pouco receosos da propagação do “covid”, não aproveitámos, como seria desejável, a passagem por Toulouse a fim de  descobrir os muitos motivos de interesse da Cidade Rosa, assim apelidada em razão dos tons rosa-laranja dos  edifícios. Assim, ignorámos a famosa Place du Capitole, e outras obras-primas arquitetónicas como a basílica românica de Saint-Sernin, a Igreja dos Jacobinos ou o Hotel Renaissance em Assézat.
Não houve igualmente oportunidade para degustar algumas das especialidades culinárias do Sudoeste. A única pausa foi efectuada numa caféterie / boulangerie, adjacente ao canal, onde a prioridade estava direccionada para o pequeno-almoço, que foi, aliás, sublime. 

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Canal des Deux-Mers (I): Le Canal de Garonne em bicicleta



Dpois de duas primeiras tentativas planeadas, finalmente, a 25 de Julho de 2020, iniciei a viagem rumo a Bordeaux, a fim de concretizar o sonho antigo de percorrer em bicicleta o magnífico Canal des Deux Mers. Fantástica obra de engenharia civil e hidráulica, cuja primeira fase ocorreu no último quartel do século XVII, entre 1662 e 1681, com a construção da Canal du Midi e posteriormente, com a completa ligação fluvial entre o Mar Mediterrâneo e o Oceano Atlântico, através da conclusão, em meados do Século XIX, mais concretamente em 1856, do Canal Lateral à la Garonne, tendo sido considerado pela UNESCO, desde 1996, Património da Humanidade.

Preparação da viagem


Bordeaux- marginal
O plano inicial, de realizar a aventura em companhia do amigo JOPARESI, saiu gorado, em consequência de uma arreliadora lesão nas costas de que este foi acometido, à última hora, obrigando-o a desistir.

Costuma dizer-se, quando para uns o azar bate à porta, para outros, a sorte sorri. Neste caso tive a felicidade de ser contemplado com a companhia do meu filho TóPê, que, em boa hora, aceitou o meu desafio. Assim, o que inicialmente estava para ser um tour de bicicleta protagonizado por dois amigos acabava de ser transformado numa aventura familiar de pai e filho. 

A logística estava pronta, apenas com a necessidade de alguns ajustes à preparação inicial, mantendo-se todo o restante. A viagem para França em automóvel e o plano de viajar em autonomia, a partir de Bordeaux, pernoitando em parques de campismos, com uma ou outra adaptação. Os alforges foram carregados com uma lista de utensílios básicos, considerados importantes.
Bordeaux - Le Miroir d'eau

Não foi esquecida a roupa de ciclismo, umas calças/calção leves de passeio, meias e roupa interior leve, toalhas, sem esquecer carregadores, power bank, saco-cama, almofada e colchão insuflável, tenda, lanterna para bicicleta, equipamento adicional da bicicleta, assim como algumas barras energéticas. O material deve ser o mais leve possível, por isso aconselha-se a ponderar, sempre, na altura da compra.

A travessia de Espanha decorreu tranquilamente, tendo sido já com a luz do dia a querer fugir que chegámos ao parque de campismo Village Bordeaux Lac, onde pernoitámos. O mesmo não foi difícil de encontrar, mercê da sua excelente localização. A nossa passagem foi fugaz, sem lugar a histórias para contar, procurando apenas usufruir do descanso que a estadia proporcionou a fim de enfrentar a primeira jornada da aventura que agora começava.

Bordeaux e as vinhas da Aquitânia

Bordeaux - Pont Pierre
Assinalava o relógio as 07:40 de Domingo, 26 de Julho, quando já despertos, tratámos de dar início à nossa nova rotina. Guardado o carro num espaço adjacente à recepção do parque, aí montámos as bicicletas e acondicionámos as bagagens nos alforges, para finalmente dar início à aventura.

Deixámos o parque e seguimos pela via ciclável Roger Lapébie, mas ainda não tínhamos pedalado quinhentos metros e logo a primeira contrariedade nos surgiu, com obras na via a obrigar a seguir por um desvio no percurso pelo qual pedalámos até ao centro de Bordeaux. Aqui chegados, junto ao skate parque, na margem esquerda do Garonne, e depois de captar umas imagens, continuámos a pedalar pela marginal até ao Le Miroir d'Eau, espelho de água refrescante e de belo efeito.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Alto Minho: Passeio pelas Ecovias do Lima e do Vez

 Ecovia Rio Lima

https://www.alltrails.com/explore/map/riolimaveigas-1--2?u=m

Viana da Foz do Lima 

Museu do Traje
Com as férias de Verão à porta, aproveitando o interregno lectivo do António Pedro, antes da sua partida para Lovaina ao abrigo do programa Erasmus, lancei-lhe o repto de pedalarmos  em redor dos rios Lima e Vez, no Alto Minho, por um período de dois a três dias.

Não estando o jovem habituado a estas "andanças" haveria que seleccionar um percurso suave, daí a opção por pedalar ao longo das margens dos rios, e assim logo se começou a tratar da preparação da viagem: preparar alforges, comprar bilhetes para a viagem de comboio entre Coimbra e Viana da Foz do Lima e, também importante, reservar alojamento. 

Viana - Centro Histórico
Como só tinha uma bicicleta, a Trek, com as características adequadas para uma jornada do tipo que pretendia efectuar, apelei à boa vontade do amigo Sérgio que de imediato me disponibilizou uma bicicleta para o António Pedro me acompanhar, sem grande sofrimento. Na verdade a velhinha Órbita que habitualmente utiliza, já não está fadada para estas andanças.

E assim, no dia 4 de Julho, lá partimos nós de Coimbra B, mais conhecida por Estação Velha, nome que lhe assenta na perfeição, e envergonha sem dúvida a cidade, a região e o país, atendendo ao miserável estado de conservação e condições que apresenta para acolher os passageiros. Mas serviu para iniciarmos o nosso passeio. 

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Serra da Estrela: Rota das Levadas

Do Covão do Forno aos Cornos do Diabo


Percurso linear, com início na Lagoa Comprida e a terminar na Quinta do Crestelo - Seia, extensão de 44,02 km. Piso misto de asfalto e terra. Pontos de passagem: Albufeira do Covão do Forno, Albufeira do Lagoacho, Vale do Rossim, Albufeira do Vale do Rossim, Sabugueiro, Senhora do Desterro e Lapa dos Dinheiros.












Lagoa Comprida
Um mês e quatro dias após o percurso das lagoas, que teve início no Vale Glaciar, nova jornada pela Serra da Estrela, desta vez com alteração no elenco dos protagonistas, desta vez com o Joparesi preencher o lugar do Katu.

Joparesi, geógrafo, que habitualmente costuma delinear os trajectos que habitualmente percorremos, ia-se corroendo a corrigir exames enquanto nos passeávamos pelos caminhos da serra por vales e lagoas. Ora, como o bichinho continuou a corroer, não tardou que que não fizéssemos nova incursão pela serra.






Assim na manhã do dia 15 de Junho de 2019, que por sinal se apresentava bem fresca, especialmente junto à albufeira da Lagoa Comprida, onde algumas cortinas de neblina se escapavam para a atmosfera, iniciámos um percurso procurando levadas e lagoas, agora com o Joparesi integrado no elenco dos protagonistas.

A primeira parte do percurso, da Lagoa Comprida ao Vale do Rossim, via levada do Covão do Forno e levada da Barragem do Lagoacho, foi uma reedição de um troço do percurso, percorrido em 11 de Maio, ficando o Joparesi com o encargo de traçar a rota a ligar Vale do Rossim e a Lapa dos Dinheiros.


Serra da Estrela: Rota do Vale Encantado

De Manteigas ao Vale do Rossim - Penhas Douradas



Percurso circular com início e fim em Manteigas, extensão de 66,48 km.Piso misto de asfalto e terra. Pontos de passagem: Viveiro das Trutas, Covão D’ametade, Lagoa Comprida, Albufeira do Covão do Forno, Albufeira do Lagoacho, Vale do Rossim.






A resposta ao desafio do amigo Rui Salgado para ir até à Serra da Estrela, partindo de Manteigas pedalando pelo Vale Glaciar, foi aceite de bom grado e os preparativos começaram de imediato a ser desenvolvidos.

Ao chegar à vila serrana já tinha a aguardar-me os “judeus” Rui Salgado e Katu, que apontavam de forma reprovadora para os relógios, pelo rigoroso cumprimento do quarto de hora académico, relativamente ao horário previamente acordado para o encontro, na verdade foi meia hora académica, embora ainda tivéssemos uma serra do tamanho do mundo pela frente, também as horas ainda eram muitas!

Passagem sobre o Zêzere

Após as saudações da praxe, coloquei as rodas no quadro e lá fomos os três na direcção do vale, optámos por subir pela vertente da encosta oposta à estrada nacional 338, por um estradão de terra que nos leva também paralelo ao rio Zêzere, o qual iríamos atravessar num local verdadeiramente, para tomar a estrada da vertente oposta, para sul, no sentido das Penhas da Saúde. 




Enquanto prosseguimos a subida íamos encontrando concorrentes do “Trail de Manteigas” em sentido oposto, a descer o vale. Íamos forçando paragens a fim de permitir a passagem de concorrentes em locais mais estreitos, dedicando estes breves momentos de pausa à admiração da vertente cénica envolvente, que para além da bela e magnificente paisagem, também nos propiciava respirar o maravilhoso ar puro da montanha.


quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Coimbra,percursos por espaços e jardins com história


Monte dos Olivais, Penedo da Saudade, Parque de Santa Cruz e o Jardim Botânico.

Penedo da Saudade

Iniciei este curto, mas rico percurso, com uma extensão aproximada de sete quilómetros, junto ao antigo ermitério dos Olivais, hoje Igreja da Paróquia de Santo António dos Olivais. Segui pela antiga cumeada que deu lugar à bem traçada Avenida Dr. Dias da Silva, ladeada por moradias de belo efeito,  até ao Penedo da Saudade, outrora um lugar quase ermo, hoje um lugar rodeado por vivendas e algumas edificações de maior volumetria. Do promontório rochoso que lhe deu nome, sobre paisagem de olivedos e laranjais podemos hoje observar uma floresta de edificações diversas, por onde foi crescendo a cidade.

O Penedo da Saudade, tal como referido em livros antigos já não existe. No entanto não perdeu a sua áurea e beleza, sendo bastante agradável deambular pelas suas veredas, parar no Retiro dos Poetas e ler algumas lápides com versos.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Rota dos Cromeleques

A jornada começou com a subida ao ponto mais alto, o castelo.
Ainda o galo não cantava e de Coimbra já viajava a caminho das planícies alentejanas, na companhia do amigo JP, que ao volante da sua viatura nos conduziu à cidade de Montemor-o-Novo a fim de cumprirmos mais uma épica jornada de bicicleta por terras de montado, na véspera de mais uma passagem pelo dia da revolução dos cravos.

Com saída planeada de Montemor, em frente à Praça de Touros e retorno ao mesmo local, este passeio foi destinado a conhecer a região alentejana, entre Évora e Montemor-o-Novo, e os cromeleques dispersos, com enfase para o magnífico sítio arqueológico do Cromeleque dos Almendres, entre outras paragens magníficas que se estendem por este imenso território.

Ao regabofe que já é tradicional, sempre que o grupo se reúne, seguiu-se o alinhar da partida em direcção ao altaneiro castelo medieval de Montemor-o-Novo. A panorâmica que se disfruta do alto é sublime e mais aguçou a vontade de empreendermos, o quanto antes, pedalar por um percurso que se antevia dinâmico e pleno de interesse quer pela morfologia do território, mas, sobretudo, pela qualidade dos seus intervenientes.

domingo, 8 de outubro de 2017

A Pedalar pela Secção 15 da Rota da Costa Atlântica, entre Figueira da Foz e Aveiro



Figueira da Foz, Torre do Relógio, início da Secção 15 do EuroVélo 1.

Poucos dias após ter sido publicado na última edição da Passear, o artigo “Grande Rota do Mondego, Via Clicável e Navegável”, eis que sai a notícia, amplamente difundida pela imprensa escrita, em todos os canais possíveis: internet, radio, televisões, do lançamento de uma ciclovia entre Santa Comba Dão e Penacova, com pretensões de efectuar uma futura ligação à Rota Atlântica, na Figueira da Foz. 

Mas o objectivo não se fica por aqui, e é pretensão das Câmaras Municipais da região de Coimbra e Viseu, através das CIM, constituir um triângulo entre Figueira da Foz, Viseu, Aveiro. O projecto é audaz, esperemos que não passe das intenções, porque na verdade tem enorme potencial para a Região Centro.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

"Vieira"

Conchas em Albergueria 
Para o peregrino a Santiago a concha tinha grande alcance iconográfico, era a demonstração da grande e difícil viagem realizada. Após cumprida a sua peregrinação, o peregrino procuraria uma concha em Santiago a fim de a colocar no hábito. No regresso a casa deveria ostentá-la com agrado e conservá-la como uma espécie de relíquia, usando-a em caso de enfermidade.

No “Liber Sancti Jacobi” a vieira tem um valor alegórico e tipifica um modelo de comportamento para o peregrino, representando a mão que se abre para realizar obras piedosas. Assim o peregrino deve ser generoso e dar esmola, conservando-se sempre modesto, casto e sóbrio. A concha é uma recordação permanente da caridade, a qual nunca deve esquecer.

Mas a concha é também um símbolo da regeneração, estando a sua imagem relacionada com o sacramento do baptismo. Segundo Tiago de Vorágine, na Legenda Áurea, São João Baptista baptizou Jesus Cristo com a água de uma concha. Em Florença, na antiga sacristia da igreja de de São Lourenço, a pia baptismal de Bernardo Rossellino, de finais do século XV, está coroada por uma concha. Também em Espanha, existem muitas pias baptismais em forma de concha ou estriadas como uma concha.

A concha é símbolo da nova vida que espera o crente após a sua viajem de regeneração. É também associada à representação de Cristo na sua condição de peregrino.

No culto a Santiago, a concha é também una clara referencia à morte e à ressurreição, como na lenda do homem que, salvo de um naufrágio, desperta pela manhã coberto de conchas.

António José Soares

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

COIMBRA, PERCURSOS POR ESPAÇOS E JARDINS COM HISTÓRIA - Percurso I - Torres do Mondego a Freguesia Verde

Na diversidade do espaço público passível de percorrer diariamente na cidade de Coimbra, bem como em alguns dos seus lugares confinantes, muitas vezes não atentamos, porque absortos na azáfama do quotidiano, na beleza que nos propiciam alguns desses lugares, quer através do coberto vegetal, da traça arquitectónica ou da expressão artística evidenciada em muitas esculturas, estrategicamente localizadas, ou mesmo da poesia que encontramos no mítico e romântico Penedo da Saudade.

Foi com o propósito de partir à redescoberta da diversidade de jardins e monumentos de Coimbra e bosques da sua área circundante que dou inicio a uma pequena série de artigos alusivos ao tema “percursos por espaços e jardins com história”, começando por um percurso envolvente ao maior rio nascido em Portugal, junto ao seu afluente em Coimbra, o rio Ceira.

Percurso I - Torres do Mondego, a Freguesia Verde


Mondego a montante da foz do Ceira, lá ao fundo as Torres

Início:  Ponte da Portela do Mondego. Rio Mondego, margem esquerda; Carvalhosas; Palheiros, Praia Fluvial;  Zorro, Minas de Barbadalhos; Praia Fluvial - travessia da ponte pedonal; Porto Meio; Casal da Misarela; Mata de Vale de Canas. – 12 km

Regresso: Mata de Vale de Canas, jardim; Torres do Mondego, Perdigais; Torres do Mondego, Eira do Coelho; Torres do Mondego, Porto das Carvalhosas; Portela do Mondego; Coimbra, Boavista; Parque Linear do Vale das Flores. – 11 km

Extensão do Percurso 1: 23 km – Duração do percurso: a pé 06:00 de BTT 2:15  




sábado, 16 de julho de 2016

Grande Rota do Zêzere. Serra da Estrela - Vale Glaciar, Cova da Beira e Aldeias do Xisto

1 de Abril de 2016 - Penhas da Saúde – Covão d’Ametade – Manteigas – Valhelhas- Tortosendo - Silvares. 100 km.


Penhas da Saúde
Uma radiosa manhã de sol e a existência de alguma neve, abrilhantaram o início da dupla jornada, nos pontos mais altos do deslumbrante Vale Glaciar.


Após o pequeno-almoço na Pousada de Juventude das Penhas da Saúde, dedicámo-nos aos preparativos para colocar em marcha as bicicletas. No exterior fazia-se sentir algum frio e uma brisa muito ligeira, que o sol permitia suportar. Por fim iniciámos a subida em direcção à Torre, onde, a 1993 m. de altitude, nasce o rio Zêzere.


Chegados à confluência com a EN 338, enveredámos no sentido de Manteigas, com a descida a processar-se em velocidade moderada, atendendo à baixa temperatura, mas sobretudo para poder apreciar tão magnânima paisagem.

Os primeiros quilómetros, ainda sob o signo do manto branco




















quinta-feira, 24 de março de 2016

Ano de 2007 - 1.ª etapa do Caminho Francês de Santiago, em bicicleta.

Saint Jean Pied-de-Port - Roncesvalles, 26 Kms

Texto António José Soares
St-Jean-Pied-de-Port
Deixada para trás  a Ville de Bayonne, a viagem no pequeno comboio vermelho serpenteando o rio  Nive, envolvido nas margens por frondoso arvoredo, parecia o excerto de um filme que nos inspira a viver sonho idílicos.

Neste caso o filme foi mesmo realidade e teve característica de série por capítulos, com o primeiro a terminar ou a começar em St-Jean-Pied-de-Port, deixo à escolha...

A ansiedade invadia-me há medida que me aproximava e ainda mais quando o pequeno comboio se deteve na estação de Saint Jean Pied-de-Port, na verdade o mesmo estado era partilhado pelos peregrinos que quase lotavam o comboio, a avaliar pelos seus rostos.

Por fim, pronto a iniciar o Caminho, dirigi-me ao centro e à velha cidadela fortificada, à qual não dediquei a atenção merecida, um pouco receoso pela minha inexperiência na gestão do tempo,  assim dediquei poucos momentos para conhecimento da harmoniosa e bonita cidade. Assustavam-me um pouco os 840 kms que teria que cumprir para chegar a Santiago de Compostela, em bicicleta, e, mais 300 até Coimbra.
Para iniciar o Caminho, de forma oficial, era necessário carimbar a Credencial do Peregrino, assim, dirigi-me à Oficina do Peregrino, situada na velha cidadela fortificada, fui atendido por um hospitaleiro francês, que me simpaticamente me ofereceu a Vieira,  símbolo do Caminho e me aconselhou a seguir pelo carimbar a Credencial do Peregrino e ficar com  a Vieira,  que simpaticamente me foi oferecida. Na conversa com um dos simpáticos voluntários,  que se encontravam a prestar apoio aos peregrinos, fui aconselhado a seguir pela rota mais bonita mas também a mais dura, a de Cisse.
Mais uma pequena voltinha pela cidade, culminando com a compra de alguns mantimentos. Finalmente allez, au chemin de St. Jacques de Compostelle .

O Caminho por Valcarlos

A minha intenção de enveredar pela Rota de Cisse, conforme conselho dos hospitaleiros, da Oficina do Peregrino, esbarrou na dificuldade dos primeiros metros, embora me tivessem dito que o Caminho suavizava após a parte inicial, muito íngreme. Assim, o desconhecimento, aliado a um pouco de receio e falta de experiência levaram-me a optar a seguir por Valcarlos, rota igualmente difícil, mas ainda assim, mais suave que a Rota de Cisse.
Os primeiros 8 quilómetros da rota de Cisse são realmente diabólicos, tal a sua inclinação. Ainda ousei começar a subir, mas, andar com a bicicleta à mão logo nos primeiros quilómetros, não fazia muito bem ao ego, e qualquer revés nesta fase inicial podia ser desmoralizador. A Rota por Valcarlos, envereda por um vale dotado de uma magnífica paisagem, com frondosos bosques de carvalhos, castanheiros e outras árvores que os meus parcos conhecimentos de botânica não deixaram identificar.Uma paragem para reabastecimento em Valcarlos, antes umas fotos na fronteira, novamente uma paragem para almoçar num local de beleza grandiosa, local onde parei para almoçar, aproveitando para estar à conversa com um sujeito escocês, que voltaria a encontrar em Roncesvalles.
Alto de Ibañeta
A etapa foi efectivamente muito dura, exigindo muito das pernas, logo para o primeiro dia, cerca de 24 quilómetros. Recompensador, é sempre a chegada ao alto da montanha, pelo menos para recarregar as baterias da moral.
sempre a subir, com um susto pelo meio. Um carneiro, não sei se selvagem, pastava mesmo junto à beirinha da estrada, olhou-me por baixo, fiquei todo arrepiado, mas o animal estava mais interessado na comida, felizmente para mim.

Quando a subida parece não acabar, desanimar é fatal, é preciso cerrar os dentes, procurar ser mais forte. Mas, quando finalmente se alcança o prémio da montanha, até parece que as pernas ganham outra vida.  No Alto de Ibaneta, foi um pouco assim que aconteceu, e, a paragem foi merecida.
Alberge de Peregrinos em Roncesvalles
A paisagem, a capela e o cruzeiro foram objecto de algumas fotos. Na descida para Roncesvalles, atingi a velocidade máxima de 54,82Km H. Percorri durante o dia cerca de 26 Kms, 29 incluindo a passeata madrugadora de Bayonne.
Andei a uma velocidade média de 11,32 Kms Hora, pedalei 04:09:14 H, para quem não dormiu toda a noite, e, a cama foi um banco de autocarro, nada mal.

O convívio multifacetado nos caminhos, é um dos aspectos mais gratificantes


Em Roncesvalles, o proprietário do café do Peregrino, aconselhou-me a pernoitar nesta localidade, tendo em conta que as horas e embora fossem ainda 15 H. 30 m, não sendo tarde, também já não seria muito cedo para arranjar dormida. Como estava ainda há pouco a viver a experiência, decidi seguir o conselho do referido senhor, e, não me aventurar por mais quilómetros.


Também era importante passear pela mítica povoação de Roncesvalles, aproveitar bem o momento, o lugar pareceu-me especial, senti-me bem, aqui decidi ficar a minha primeira noite no Caminho Francês.

terça-feira, 22 de março de 2016

VARIANTE ESPIRITUAL DO CAMINHO PORTUGUÊS A SANTIAGO – CAMINHO DE PONTEVEDRA AO SALNÉS EM 2015

“VILANOVA DE AROUSA – PRAIA DO TERRÓN”

O amigo João P. R. Simões falou-me na possibilidade de, no último fim-de-semana de Setembro, poder ir até à “Ria de Arousa”, na Galiza, para uma dupla jornada de caiaque. Logo me “pendurei” para o acompanhar, mas com a intenção de levar a bicicleta para pedalar pelas Rias Baixas.

E assim abalámos na “Princesinha” do Mondego até “Vilanova de Arousa”, em 25 de Setembro, onde chegaríamos próximo das duas da manhã de Sábado, ao parque de campismo "Paisaxe".





terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Antonio Machado : Caminante no hay camino


Cantares
Antonio Machado


Tudo passa e tudo fica
porém o nosso é passar,
passar fazendo caminhos
caminhos sobre o mar

domingo, 10 de janeiro de 2016

Vieira símbolo do peregrino a Santiago


O uso da vieira pelo peregrino é explicado por uma lenda inserida na obra “Vidas e paixões dos apóstolos”, Lisboa, 1505. Diz a referida lenda que,  quando o barco que transportava o corpo do apóstolo passava ao lado de Portucale, tinha lugar em Bouças, designação anterior do concelho de Matosinhos, os festejos de noivado de um rico senhor da Maia com uma jovem  nobre de Gaia.
Foi então que o cavalo ficou bravo e meteu-se pelo mar dentro, onde se iria afogar, junto com o seu cavaleiro, mas foi de encontro ao barco que transportava o cadáver de São Tiago e, por milagre, emergiu com a roupa e o cabelo inçados de vieiras, que assim significavam o milagre do seu salvamento  e o seu agente salvador.

E foi assim que a concha da vieira passou a significar a protecção de São Tiago