A jornada começou com a subida ao ponto mais alto, o castelo. |
Com saída planeada de Montemor, em
frente à Praça de Touros e retorno ao mesmo local, este passeio foi destinado a
conhecer a região alentejana, entre Évora e Montemor-o-Novo, e os cromeleques
dispersos, com enfase para o magnífico sítio arqueológico do Cromeleque dos
Almendres, entre outras paragens magníficas que se estendem por este imenso
território.
Ao regabofe que já é tradicional, sempre que o grupo se reúne,
seguiu-se o alinhar da partida em direcção ao altaneiro castelo medieval de
Montemor-o-Novo. A panorâmica que se disfruta do alto é sublime e mais aguçou a
vontade de empreendermos, o quanto antes, pedalar por um percurso que se
antevia dinâmico e pleno de interesse quer pela morfologia do território, mas,
sobretudo, pela qualidade dos seus intervenientes.
Montemor-o-Novo, assalto ao castelo.
Torres e muralhas |
As ruínas do castelo, em processo de degradação, sem plano de preservação que salte à vista é um problema que urge resolver e que o Estado português, governo e autarquia, têm obrigação moral e cívica e institucional de solucionar, preservando o que resta deste invejável património histórico e arquitectónico
A caminho da Ecopista do Montado |
As obras no castelo continuaram
ao longo do tempo, sendo de realçar uma intervenção levada a cabo em finais do
século XV. O castelo teve seguidamente um papel preponderante no combate à
ocupação castelhana e ao longo da Guerra da Restauração, quando D. João IV
determinou novo reforço da fortificação, de forma a poder enfrentar as modernas
tácticas militares.
Voltou a ser objecto de ataques
no início do século XIX, durante as invasões francesas, quando já se encontrava
em estado de alguma degradação, acentuada pelo terremoto de 1755, que
determinou vários trabalhos de consolidação ainda durante o século XVIII.
Presentemente, e após aceleração
do estado de ruína ao longo do século XX, o castelo conserva essencialmente o
lanço principal da muralha dionísia, de planta aproximadamente triangular,
protegida por onze torreões cilíndricos, com barbacãs do século XIV. A
alcáçova, ou Paço dos Alcaides, já referida como construção de inícios do
século XIII, em ruínas, tem planta rectangular e é protegida por duas torres
redondas. O acesso faz-se pela muralha a Norte, voltada para a vila, através da
Porta da Vila ou Porta Nova, anteriormente conhecida por Porta de Santarém.
O Percurso
Circular, com saída e chegada ao mesmo local: a Praça de Touros de Montemor-o-Novo; numa extensão de cerca de 100 km, pela Ecopista do Montado, em direcção a Santiago do Escoural, Casa Branca, Filhardeira, Defesa, Nossa Senhora da Boa Fé, Cromeleque dos Almendres, Menir dos Almendres, Nossa Senhora da Guadalupe, Barragem dos Minutos e passagem sobre o rio Almansor, para finalmente se regressar ao local da partida.
Ciclovia do Montado |
No antigo canal ferroviário, convertido em ciclovia, estão patentes ao longo do caminho alguns vestígios ferroviários, como um edifício de uma antiga estação, o antigo apeadeiro de Paião, a ponte sobre o rio Almansor e o edifício de passageiros da estação de Montemor-o-Novo.
Ciclovia do Montado |
No antigo apeadeiro do Paião, o grupo, alinhou para a fotografia da praxe: António, João, Paulo Monteiro, Manuel, Katu, Catarina, Marco, Rui Salgado e Gustavo Baeta, o momento de captação do instantâneo serve sempre de desculpa para a reinação e descontracção. Seguimos novamente o percurso delineado, usufruindo da espectacularidade que a região proporciona pelas suas características, de beleza natural, com paisagens magníficas.
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"Judeus" |
Assim, acabou por vir mesmo a calhar a primeira paragem em Santiago do Escoural, onde reabastecemos de água e tomámos o café da praxe. Por esta altura já um elemento do grupo apresentava alguns sinais de indisposição e embora o percurso não apresentasse dificuldades de maior, foi decidido que o melhor seria regressar ao ponto da partida, assim que chegássemos ao primeiro cruzamento com a EN 2, uma vez que ainda faltava cumprir uma grande parte do percurso.
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"O Manuel a dar palha ao Rui" |
Restabelecidos e prontos para nova etapa, prosseguimos na direcção do recinto megalítico dos Almendres, através das extensas propriedades agrícolas.
Recinto Megalítico dos Almendres
Cromeleque dos Almendres |
Este sítio arqueológico é composto por diversas estruturas megalíticas: cromeleque, menir e pedras, pertencendo a primeira ao denominado "universo megalítico eborense", com nítidos paralelos noutros cromeleques, como no caso da Portela de Mogos, em Montemor-o-Novo.
O cromeleque foi descoberto pelo investigador Henrique Leonor Pina, em 1964, quando se procedia ao levantamento da Carta Geológica de Portugal. Abrangendo uma larga faixa cronológica, desde o Neolítico Médio até à Idade do Ferro - i.e., desde finais do 6.º até inícios do 3.º milénio a. c. -, este sítio apresenta, entre outros elementos, um cromeleque de planta circular irregular, composto por cerca de noventa e cinco monólitos graníticos, colocados em pequenos agrupamentos, numa área de, aproximadamente, 70 x 40 m, com uma orientação NW-SE.
Cromeleque dos Almendres |
A maior parte destes noventa e cinco monólitos encontrava-se apeada até serem recolocados na sua primitiva localização por uma equipa de investigadores coordenados por Mário Varela Gomes, que teve o especial cuidado de identificar.
O Menir do Monte dos Almendres é
um dos muitos menires da região de Évora. Tem a forma de um ovo alongado e tem
um báculo ou cajado, gravado em baixo-relevo na parte de cima. Este motivo
representa, claramente, a importância da natureza no neolítico, nomeadamente a
domesticação de animais.
Menir do Monte dos Almendres |
Trata-se de um sítio cultural, com forte carga mágico-simbólica, que denuncia um exemplo singular de reutilização de um mesmo espaço sacralizado ao longo dos tempos. Reflecte, também por isso, as próprias transformações económicas, sociais e ideológicas ocorridas nesta larguíssima faixa temporal e neste que é considerado, até ao momento, o maior conjunto de menires estruturados da nossa península, e um dos mais relevantes do megalitismo europeu.
Cromeleque do Vale Maria do Meio |
Epílogo
Barragem dos Minutos do rio Almansor |
Entre ciclovias, caminhos, estradas nacionais e municipais, estradões de terra e franjas de território dedicadas à exploração agrícola e criação de gado, cumprimos cerca de 100 km, os quais usufruímos de forma plena, uma jornada fantástica que nos permitiu também conhecer locais com história, como o Castelo de Montemor-o-Novo, em ruínas, e um sítio arqueológico, raro no mundo, do período neolítico médio à idade do ferro, que vale a pena visitar.
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