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Figueira da Foz, Torre do Relógio, início da Secção 15 do
EuroVélo 1.
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Poucos
dias após ter sido publicado na última edição da Passear, o artigo “Grande Rota
do Mondego, Via Clicável e Navegável”, eis que sai a notícia, amplamente
difundida pela imprensa escrita, em todos os canais possíveis: internet, radio,
televisões, do lançamento de uma ciclovia entre Santa Comba Dão e Penacova, com
pretensões de efectuar uma futura ligação à Rota Atlântica, na Figueira da Foz.
Mas o objectivo não se fica por aqui, e é pretensão das Câmaras Municipais da
região de Coimbra e Viseu, através das CIM, constituir um triângulo entre
Figueira da Foz, Viseu, Aveiro. O projecto é audaz, esperemos que não passe das
intenções, porque na verdade tem enorme potencial para a Região Centro.
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Figueira - passadiços sobre o areal |
Não
estando informado previamente destes projectos, parece todavia que andava a
“chamar por eles”. Assim como no artigo atrás citado já enunciei muitos
predicados, que bem podem cativar alguns cicloturista para o vale do Mondego,
também agora, parece que me adiantei ao anúncio da CIM de Coimbra e dos
Municípios de Figueira da Foz, Mira e Cantanhede, que em boa hora comunicaram a
construção de cerca de oitenta e três quilómetros de ciclo vias pelo litoral,
para coincidir com a Secção 15 do EuroVelo.
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A subida à Serra da Boa Viagem |
Destinei
o meu último dia de férias de Agosto para um passeio de bicicleta e foi assim
que na última sexta-feira do mês, dia 25, apanhei o comboio na velha estação de
Coimbra-B, com destino à Figueira da Foz, já o relógio assinalava as 13 horas. Aproveitei a viagem para ir observando muito dos
trilhos por onde é usual pedalar em incursões por terras do Mondego Litoral. No Mercado Municipal da Figueira da Foz aproveitei para comprar alguma fruta, que poderia acomodar no exíguo espaço disponível.
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Farol do Cabo Mondego |
Almocei
uma sanduiche no renovado Restaurante “Papagaio”, da ave que lhe deu o nome só
mesmo o desenho nas blusas da funcionária e proprietária. A pausa foi breve,
ainda tempo para recordar o passado e as antigas piscinas de água salgada, em
frente e que, tal como o papagaio, já só restam lembranças e imagens.
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Panorâmica da orla costeira sobre a Praia de Quiaios e extensa orla costeira e zona de protecção dunar |
Como
iria começar a pedalar na hora de calor mais intenso, tive que ter o cuidado em
não descurar o abastecimento de água antes de iniciar a minha incursão pela
Secção 15 da Rota da Costa Atlântica, à qual
dei inicio, precisamente em frente ao Mercado Municipal.
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Estrada Florestal Quiaios-Tocha |
A
Figueira da Foz sempre foi atractiva para quem gosta de se passear de
bicicleta, no presente a acrescentar à larga marginal oceânica que já nos
permitia pedalar com alguma segurança, o extenso areal foi bem aproveitado,
nele tendo instalado a Câmara Municipal passadiços e zonas de lazer sobre a
areia, por onde é possível correr e andar a pé ou de bicicleta.
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Lagoa da Vela - Quiaios |
Com
a chegada das 15:00 horas, ainda sem ter iniciado a etapa, urgia que cumprisse
os propósitos a que me tinha proposto. Assim, com o vento de frente, avancei em
direcção a Buarcos e ao Cabo Mondego, sempre junto ao mar, aproveitando todo o
esplendor da marginal figueirense e de Buarcos.
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Praia da Tocha em Agosto |
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Ciclovia Praia da Tocha-Tocha |
Assim
que iniciei a bela subida da Serra da Boa Viagem afastando-me da imensa baía
que o reflexo da luz solar tinge na água do oceano cores azuis e prateadas, tornando
ainda mais deslumbrante a bela a paisagem vista do alto, no primeiro
entroncamento, resisti à tentação de continuar a subir, seguindo pela bonita
estrada da serra até Quiaios e segui a
rota do Eurovelo 1, na direcção do farol e antiga fábrica da cal, pela arriba
junto ao mar, até à Murtinheira.
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Barrinha da Praia de Mira |
Se é
agradável o percurso pela serra, com destino a Quiaios, seguir pela arriba é
igualmente interessante. Como a temperatura apertava e ainda tinha muitos
quilómetros para percorrer, segui directamente da Murtinheira para Quiaios, dispensando
visita à praia.
Alguns
metros antes de chegar a Quiaios passei por um peregrino a Santiago de
Compostela, a quem desejei, naturalmente, “bom caminho”. Na vila procurei o
acesso para a estrada florestal com destino à Tocha e Lagoa da Vela, por onde
segui. Os primeiros quilómetros,
enquanto fui encontrando habitações tudo correu normalmente, não estava contudo
à espera da surpresa que me aguardava.
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Praia de Mira - Barrinha |
Na
bifurcação da via, segui pela estrada florestal, com destino à Tocha, a outra
tinha como destino a Lagoa da Vela. E a surpresa foi precisamente esta, a
estrada florestal, embora asfaltada, encontrava-se transitável apenas para automóveis
de todo o terreno. Para bicicleta, só de BTT, mesmo assim os buracos eram
tantos que o passeio foi bastante desgastante, uma vez que nunca consegui
desenvolver uma velocidade constante, na imensa recta, com a agravante de
contar com vento norte de frente.
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Braço da Ria de Aveiro - Praia de Mira |
A
região é excelente e propícia a pedalar, lamenta-se apenas o mau estado do
pavimento. Bastava que a manutenção da estrada tivesse sido feita ao longo dos
anos, seguramente que tal não acontece há umas boas dezenas de anos, bem como a
delimitação de zonas cicláveis, à semelhança da Cortegaça, simples, basta ria entendimento
entre Câmaras Municipais e Governo da
República.
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Braço da Ria de Aveiro- Praia de Mira |
O
tormento do caminho com mau piso acabou quando entronquei na estrada
Tocha-Praia da Tocha, seguindo na ciclovia paralela até à praia para uma
pequena pausa. Na aproximação à Tocha foi notória o bom cuidado com o arranjo
dos caminhos, e existência de uma ciclovia de ligação da vila da Tocha à Praia
da Tocha.
A
paragem não foi prolongada, apenas o suficiente para reabastecimento alimentar
com a fruta adquirida no Mercado da Figueira, após o que retomei o caminho
florestal, com destino à Praia de Mira. Felizmente neste ponto do percurso, o
piso estava em melhores condições, o caminho apresentava a mesma cambiante paisagística,
com uma cobertura vegetal menos densa, favorecendo menos quem procura protecção
do vento, como era o meu caso. Ora como este não amainava, já sentir os
primeiros sinais de fadiga.
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Próximo do Areão, um "amigo" de quatro patas |
Finalmente,
depois de muito pedalar, a primeira indicação surgiu, a informar do acesso para
a Praia do Palheirão, continuei pela florestal com destino a Mira, onde entrei
pelo lado da barrinha, um local muito aprazível e que convida ao descanso.
Contudo
a minha passagem agora foi breve, o adiantado da hora não permitia nenhuma
paragem. Em 23 de Junho, fiz a ligação Aveiro – Coimbra no comboio regional,
para fazer um passeio fantástico por altura dos Santos Populares. Assim,
regressei a Coimbra de bicicleta, saindo da Aveiro pelas 16:00horas, já
passavam alguns minutos, pela Costa via Costa Nova, Vagueira, Praia de Mira,
Lagoa, Mira Cantanhede e Ançã, onde contava comprar o tradicional bolo, tendo
apenas conseguido levar “ar” nos alforges.
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Férteis terrenos agrícolas em espaço dunar, entre o mar e a ria |
Restou
a consolação de um excelente passeio, totalizando 94 quilómetros de Aveiro a
Coimbra, tendo a jornada acabado da melhor maneira Na Alta Universitária a
dançar as Fogueiras de São João. O
troço entre Mira e Aveiro, com a particularidade de se fazer muito próximo da
Ria de Aveiro, entre o espaço dunar e zonas agrícolas, é bastante interessante,
e tem a singularidade atractiva da ria, entre a zona do Praia do Areão e a
Costa Nova a opção foi seguir pelo percurso pedonal e ciclável, entre a
Vagueira e Costa Nova, aproveitando os passadiços paralelos à ria de belo
efeito e muita utilidade.
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Ria de Aveiro, na Vagueira, início da ciclovia da Ria. |
Já a
23 de Junho tinha efectuado este mesmo percurso, mas sentido contrário,
parece-me mais ajustado, relativamente ao indicado na Secção 15, da Rota do
EuroVélo 1, que prevê a passagem por Ílhavo, no lado oposto da ria.
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Passadiços da via ciclável e pedonal Vagueira - Costa Nova |
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Costa Nova |
Na
jornada de 23 de Junho: Aveiro, Gafanha da Nazaré, Costa Nova, Vagueira, Praia
de Mira, Lagoa, Mira, Cantanhede, Ançã e Coimbra, com partida de Aveiro pelas
16h00, percorri uma distância de 94 quilómetros, tendo chegado a Coimbra às
21:40horas, sem o tradicional bolo de Ançã.
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A Ponte sobre a ria de Aveiro marca o fim das facilidades de circulação |
Em
25 de Agosto, no percurso Figueira da Fox, Murtinheira, Quiaios, Praia da
Tocha, Praia de Mira, Vagueira, Costa Nova, Gafanha da Nazaré, Aveiro, foi
preciso vencer 96,13 quilómetros. Lamenta-se o mau estado a que se deixou
chegar as estradas florestais, há muitos anos sem manutenção. O trajecto,
sobretudo para quem gosta de pedalar próximo da orla costeira, é fantástico.
Pontos fortes do percurso: Localização junto
à orla costeira com excelente enquadramento paisagístico, inserido em zona de
protecção ambiental, com boas acessibilidades.
Pontos fracos: Deficiente sinalização
para ciclistas e pedestrianistas, mau estado geral dos caminhos e via
florestais. Ausência de indicação de pontos de apoio.
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Aveiro, tradicionalmente uma cidade amiga dos ciclistas tem que ser mais amiga destes. Ainda existem muitos obstáculos à circulação de bicicletas de forma segura, do pouco que me foi dado a observar |
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