sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Ecovia Atlântica e Ecopista do Rio Minho

  

Rio Minho

O final de Agosto de 2021 foi aprimorado com umas magníficas  de mini-férias a pedal, em jornada dupla que decorreu pela orla Atlântica entre Viana do Castelo e Caminha, estendendo-se depois para montante do  rio Minho, através da Ecopista que acompanha a sua margem esquerda. O passeio foi iniciado na foz do rio Lima, junto à marina de Viana, onde se situa a Pousada de Juventude. Assim que aprontámos as bicicletas, rolámos em direcção ao centro histórico  na incontornável e icónica Pastelaria "Manuel Natário", situada na rua Manuel Espregueira, junto à Praça Central, onde lográmos ganhar lugar no mundo das imperdíveis e maravilhosas Bolas de Berlim.

Ecovia Atlântica: Viana do Castelo - Caminha


Moinho de Vento da Vinha
Bem compostos e devidamente preparados para a viagem, prosseguimos em direcção à zona das praias. À beira-mar, a inspirar a refrescante maresia e assimilando o iodo como um bálsamo revigorante que nos tonificava e fortalecia os pulmões, fomos prosseguindo em andamento moderado. 

Na zona da Areosa erguem-se majestosos moinhos de vento, em granito, a passagem pelos moinhos coincidiu com a ultrapassagem a um grupo de caminhantes, peregrinos a Santiago, os quais saudámos com o tradicional "Bom Caminho". 






Forte do Cão 
Um pouco mais à frente o Forte da Areosa impõe-se na paisagem como uma imagem icónica e impactante, apesar dos evidentes sinais de ruína, marcas deixadas pela erosão do tempo. 

O Monumento histórico, situado junto ao mar, constituiu um dos muitos fortes construídos durante o século XVII para reforço da costa portuguesa perante a ameaça espanhola, na sequência da ocupação de 1580-1640, integrando-se este na linha defensiva estrategicamente colocada nas margens do Rio Minho e ao longo da Costa Atlântica. 

Continuámos a pedalar pela Ecopista, envolvidos num ambiente de singularidade e beleza, pedalámos pelas praias do Carreço, Paçô, Arda e Afife, um percurso cativante, onde as encostas se estendem até ao oceano, casando o verde dos campos com o azul do mar.


Rio Âncora
Nas cercanias de Vila Praia de Âncora o trajecto  seguia agora pelas dunas que travam o avanço do mar que nos continuava a acompanhar no passeio. 

O atravessamento do ecossistema dunar fez-se através de uns passadiços em madeira, evitando a agressão do mesmo. Ao passar sobre as dunas usufrui-se de uma atmosfera única e que o olfacto permite captar nas pequenas plantas que aqui florescem,  espalhando os seus odores característicos.

Na Duna do Caldeirão, extenso areal que se estende desde o Forte do Cão até à foz do rio Âncora, encontra-se outra antiga estrutura com funções defensivas e de vigilância da costa, que apresenta, tal como as demais que observámos, sinais evidentes de ruína e erosão.


Foz do Rio Âncora - VPA
Assim que lográmos sair da zona das dunas, continuámos pela Ecopista, que inflecte um pouco para o interior, acompanhando agora a margem esquerda do rio Âncora, por uma zona mais verde. Após a passagem de uma pequena ponte continuámos a pedalar e chegámos finalmente à sua foz, em Vila Praia de Âncora.

No coração da vila sente-se o pulsar das suas gentes e é agradável usufruir dos magníficos encantos de uma terra tão singular e de enorme riqueza cultural, que merece garantidamente uma visita mais atenta, impossível de efectuar apenas numa passagem fugaz.



Ainda em Âncora, passámos ao largo do Forte da Lagarteira, prosseguindo para Moledo pela Ecovia do Atlântico, pedalando entre o mar e as verdejantes encostas. Até chegar a esta localidade o percurso, bem junto ao mar, segue entre rochas e zonas de pastoreio, sendo bem audível o som das ondas a embater ora nas rochas ora a sumir-se na areia que surge novamente quando nos abeiramos da povoação. 


Moledo
Deixando para trás a praia de Moledo, continuámos a pedalar junto ao mar, passando o percurso, na sua parte final, por uma zona de floresta com predominância de pinheiros bravos, irrepreensivelmente ordenado, até à foz do rio Minho, em Caminha, onde justamente termina a ciclovia Atlântica. 

Nesta histórica vila de raízes medievais, dá-se também início a outro belo e singular percurso, pela margem esquerda do rio Minho, Caminha, é, tal como outras pequenas cidades do Alto Minho, um excelente destino de lazer, com vastos motivos de interesse a que é impossível fazer justiça numa tão curta visita. 



Caminha
Do centro histórico de Caminha pedalámos em direcção à Ecopista, na margem esquerda do  Minho, um extenso corredor ao longo do rio que une os concelhos de Caminha, Vila Nova de Cerveira, Valença até Monção. 

Embora a Ecopista do Minho relativamente à do Atlântico, se afaste progressivamente da zona costeira em direcção ao interior, o seu ambiente cenográfico é um pouco idêntico, com uma matriz onde impera ainda uma maior predominância do verde.




Ecopista do Rio Minho




Ecopista, em Seixas

Saindo de Caminha a pedalar pela bem tratada zona ribeirinha de Seixas, fomos progredindo através da Ecopista com uma breve pausa junto à pequena Praia Fluvial da Mota, também conhecida como Praia de Gondarém, junto à pequena ilha dos Amores, em pleno leito do rio.

A singularidade e beleza do local aliada ao seu excelente enquadramento paisagístico justificaram plenamente a razão da breve paragem para a captação de imagens. 



Ilha dos Amores - Rio Minho
A passagem pela zona ribeirinha de Vila Nova de Cerveira, e no local onde está inserido o espaço de realização das famosas feiras semanais de fim de semana, que se realizam todos os Sábados foi tranquila, por contraste com o bulício normalmente verificado naqueles dias.

A ecopista acompanha toda a margem do rio e segue integrada neste espaço, bem cuidado e organizado até à Praia da Lenta, nas imediações do Inatel. Os tons verdes provenientes da abundante vegetação mesclados com as cores azuis e prata das águas do Minho  acompanham praticamente todo o percurso  até Valença.



Rio Minho em São Pedro da Torre
Antes da povoação de São Pedro da Torre, a Ecopista afasta-se momentaneamente da zona ribeirinha,  retomando de novo, mais à frente o seu percurso junto ao rio, até ao ancoradouro de embarcações de recreio e desporto náutico, em Valença. 

Aqui, num local fresco e aprazível aproveitámos uns momentos de pausa para nos hidratarmos e continuando depois em direcção à antiga vila fortificada, a qual descemos para prosseguir em direcção a Monção, com o objectivo de pernoitar em Melgaço. 


Valença - Ponte rodoferroviária
A longa jornada merecia ser repartida em duas etapas, o objectivo de terminar em Melgaço acabou por ter um efeito redutor, privando-nos da possibilidade de usufruir com maior proveito e serenidade dos locais por onde fomos passando. 

As cidades e vilas de Caminha, Vila Praia de Âncora, Vila Nova de Cerveira, Valença e Tui, por já terem sido objecto de visitas noutras ocasiões foram praticamente ignoradas nesta passagem, são no entanto locais incontornáveis, sempre à espera de uma nova presença, e o desejo de os revisitar não se apaga.



Lapela
Na globalidade do seu percurso  a Ecopista do Rio Minho é, talvez, das mais agradáveis para pedalar em território Nacional. A envolvência com o rio e campos agrícolas, bem como a diversidade que permite a interligação com alguns troços urbanos próximos das cidades de Valença e Monção,  que não deixando de ser passagens calmas, tendo sempre o rio como espelho de fundo. 

Continuando ao longo do Rio Minho agora pelo recuperado traçado da antiga  linha férrea entre Valença e Monção a paisagem onde a fartura do verde é uma constante, é dominada pelos vinhedos de Alvarinho e antigos casarões de pedra.


Rio Minho em Monção
Em Lapela, encontrámos a antiga Torre, considerado monumento nacional que se destaca na paisagem, bem como os campos de cultivo e as diversas panorâmicas do rio, das embarcações tradicionais, da lide dos pescadores, da margem galega e de algumas pesqueiras - pequenas construções de pedra antiga que nos remetem ao bucolismo fluvial. A morfologia do terreno permitiu a construção de alguns miradouros com vistas panorâmicas para o rio e para as veigas. Ao longo de todo o trajecto, vários painéis interpretativos ajudam também a conhecer a fauna e a flora da região, assim como os demais pontos de interesse.



Castelo de Monção
Após a chegada ao centro histórico de Monção, onde entrámos através das muralhas da velha cidadela fortificada, estava finalizado o percurso pela Ecovia do Minho. No entanto, para o encerramento da jornada, faltava concluir o troço final entre Monção e Melgaço, que optámos por prosseguir através da EN 202. A parte mais acidentada do percurso estava guardada para esta secção final, exigiu um maior esforço da nossa parte para evitar termos de pedalar com lanternas ligadas. 

E foi já com a noite a cair que chegámos à excelente Pousada de Juventude, apesar do adiantado da hora ainda houve tempo para uma saborosa refeição em Melgaço e uma breve passeata no regresso para digerir a janta. 

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