Igreja de São Tiago, em Coimbra
|
Após um interregno de dois anos, eis-me novamente a caminho de Santiago de Compostela.
Desta vez, a partir de Coimbra, onde realizei um pequeno prólogo, com início na Igreja de São Tiago, na Praça do Comércio, na companhia do José Aguiar e do Joaquim.
Adicionar legenda |
Percorremos as ruas da baixa citadina em direcção à Igreja de Santa Cruz, com uma pequena paragem na Praça 8 de Maio, subimos em direcção à Sé Velha, onde pedimos a colocação do primeiro selo. Continuámos pela Universidade até à Sé Nova, para a aposição de mais um selo.
Segunda-Feira, 31 de Julho de 2012. Coimbra - Almargem
Ciclovia do Dão |
Às 13 h 30 min, almoço de piquenique, junto à antiga Estação de Tondela. Em Farminhão, reabastecimento e enquanto prossegui pela ciclovia, o Aguiar e o Joaquim começaram o Caminho, assinalado a partir desta localidade.
Passagem por Viseu
|
O reencontro foi em Viseu, onde efectuámos uma pequena paragem para comprar fruta e beber um café. Os cerca de 100 km já percorridos começaram a fazer sentir-se nas minhas pernas, antevendo uns próximos dias bem penosos, a falta de exercício continuado começava a fazer-se sentir, nova separação, resolvi parar um pouco à saída de Viseu, para lanchar, enquanto o Aguiar e o Joaquim prosseguiram.
Almargem - Jantar merecido |
Como em Almargem não existia casa que servisse refeições, foi necessário retroceder cerca de 4 km para encontrar um restaurante. O importante era conseguirmos uma boa refeição, precisamente o que aconteceu, saboreámos boa cozinha portuguesa, a malta estava ali para as curvas, com bons momentos de descontracção, prontos a enfrentar o dia seguinte. Antes de dormirmos ainda gozámos algumas situações divertidas.
01 de Agosto, Quarta Feira. Almargem - Penude.
A subir para Cabrum |
Logo nos primeiros quilómetros, por caminhos florestais, iniciámos uma forte subida, secundada por uma zona mais suave, até chegarmos à aldeia abandonada de Cabrum.
Riacho em Cabrum |
Continuámos a subir até à cota máxima da Serra de Montemuro, prosseguimos descendo em direcção a Mões, onde almoçámos.
Serra de Montemuro |
Não gosto muito de salientar aspectos negativos, mas tenho que lamentar em particular, a forma arrogante e pouco profissional como fomos atendidos pela proprietária de um restaurante em Mões, talvez a julgar pelo nosso aspecto?! Em primeiro lugar com vontade com pouca vontade de nos atender de pois com uma série de pequenos episódios que não cabe relatar, chegando ao ponto de tentar impedir a pobre empregada de me dar um saco com gelo.
Mas também faz parte, como na Idade Média era uma prática corrente assaltar e maltratar peregrinos, pode ser que a Senhora que nos atendeu, para recrear um espírito mais ancestral, encene estas atitudes, para recrear um espírito mais medieval...
Poldras no Rio Paiva |
O enorme hematoma na coxa esquerda ainda atrapalhou mais a minha insuficiente condição física, relativamente aos meus amigos, neste caso até serviu como desculpa para o meu andamento mais reduzido.
Foi neste contexto que funcionou como um bálsamo a vertiginosa descida até ao rio Paiva, o qual atravessei com a água a dar pelos joelhos e muita pedra a atrapalhar, foi no entanto um momento refrescante e agradável.
Momento de conversa |
Depois de Mões tinha pedido aos meus amigos para saírem na frente, contudo, problemas nos travões obrigaram o Aguiar a seguir primeiro para Castro Daire, e de seguida para Lamego, pela N2, para tentar a resolução do problema, que afinal apenas dependia de uma pequena limpeza dos discos!
Mas as descidas são efémeras, e assim estava-nos reservada uma arrasadora subida até ao Alto do Mesio. O Quim continuou na minha frente pelo traçado do caminho, que encontrou, que enveredou, na parte final, pela N2.
Antes de chegar ao Alto, aproveitei para um lanche/jantar, fundamental na melhoria do meu desempenho, nos últimos quilómetros. Mesmo a subir, ainda que com a ajuda do vento, rolei a uma velocidade média de 22 km/h, para minha total surpresa.
Alto do Mesio |
O acidentado do percurso neste segundo dia foi verdadeiramente desgastante, à chegada a Penude, as minhas pernas pareciam dois pilaretes de betão, tal era a sua rigidez muscular.
O Joaquim e o Aguiar chegaram a Lamego com uma hora e pico de vantagem, o que lhes permitiu dispor de tempo para um jantar descansado. Enquanto aguardava a vinda dos dois, aproveitei para colocar gelo na coxa, a fim de debelar o hematoma fruto da imprudência.
Quinta Feira, 2 de Agosto. Penude, Lamego - Parada de Aguiar.
Sé Catedral de Lamego |
Atá chegar à Régua, fomos serpenteando por entre as vinhas do Douro, cenário deslumbrante e caminho difícil.
Lamego-Régua |
Na Régua, o almoço junto ao rio, na ementa com bola de Lamego, conservas de atum e fruta diversa e suculenta, entretanto adquirida no Mercado Municipal da Régua, junto com o refrescar nas águas do Douro, foram um bom embalo e retempero de forças para enfrentar a longa subida até Vila Real.
Régua |
Ao sair da Régua, aconteceu um pequeno percalço, reparei na ausência da mochila, assim, enquanto o Quim e o Zé Botelho seguiram pela N2, por Santa Marta de Penaguião, voltei ao parque, onde, felizmente consegui encontrar a mesma, como me atrasei um pouco, decidi optar por um itinerário diferente, acompanhando a rota do Vinho do Porto, parte inicial, por Alvações do Tanha.
Rota do Vinho do Porto |
Em Vila Real, não fora insistência do Aguiar e por ali teria ficado, na medida em que me encontrava um pouco esgotado. Contudo a decisão de prosseguir os restantes 25 km até Parada de Aguiar, foi a mais acertada, onde cheguei pelas 22 horas e alguns minuto.
O percurso desta jornada não oferecia grandes dificuldades, contudo o acumular dos quilómetros começava a fazer mossa.
Chaves - Praça do Município |
A referida construção foi objecto das nossas lentes, assim como a pequena e bonita igreja românica de Nossa Senhora da Azinheira de Outeiro Seco.
Prosseguimos até Vilarelho da Raia, onde parámos num agradável terraço de um café, a fim de refrescar um pouco os "motores".
Fronteira |
Os primeiros quilómetros em Espanha foram efectuados sob muito alcatrão, se bem que por estradas estreitas e com pouquíssimo trânsito.
Casa do Escudo - Verin |
Os meus amigos chegaram meia hora antes a Verin, onde acabei por aportar às 19:20, 20:20 hora em Espanha, apenas dez minutos antes do fecho do albergue. Pouco tempo houve para nos prepararmos para a merecida refeição, muito bem servida.
Sábado, 4 de Agosto. Verin - Xunqueira de Ambia
Castelo de Monterrei - Verin |
Logo após as 07:30, o Quim e o Aguiar subiram ao Castelo de Monterrei, como me atrasei, já não subi e dirigi-me para a cafeteria, junto a uma gasolineira à saída de Verin, em direcção a Xinxo de Lima, onde tomaríamos o pequeno almoço .
Igreja de Mixós |
Na Galiza, é frequente encontrar os cemitérios à volta das igrejas. Trata-se sem dúvida de uma questão cultural, religiosa, mas não é por este facto que a igreja de Arcucelos, na imagem, perde a sua grandeza.
Arcucelos, igreja |
Continuámos a pedalar, para fazer uma pequena paragem em Retorta, num espaço de lazer junto ao Tâmega, onde reencontrámos um casal de peregrinos de Madrid, que conhecêramos na véspera, daqui a Matamá o Caminho corre paralelo ao rio.
Carinhosamente mantido por um simpático casal conversador e de excelente acolhimento, a ambiência propicia um sentimento especial do espírito do caminho.
O nosso anfitrião, para lá da afabilidade, surpreendeu-nos agradavelmente com o elevado conhecimento da cultura portuguesa.
O almoço seguiu a linha dos anteriores piqueniques, refeição leve e nutritiva, com a indispensável presença da fruta.
Caracterizado pela beleza dos bosques e pela deslumbrante paisagem que se estende pelo vale, aproveitamos uma aliciante descida, serpenteando o bosque até à planície.
Por entre campos agrícolas chegaríamos a Xunqueira, num dia cinzento, e alguns aguaceiros. Em Xunqueira o albergue já se encontrava lotado, fomos obrigados a procurar uma alternativa e recorrer a uma residencial, um pouco mais cara, 15€ para cada um, três vezes mais que as habituais contribuições de 5€, mas com outras comodidades, que nesta altura do Caminho já merecíamos.
O jantar é sempre aproveitado para estabelecer alguns momentos de convívio, a simpática proprietária da tasquinha, atendeu-nos com uma simpatia formidável, preparando, a pedido e para entrada uma massa de atum.
O ambiente estava bom, fomos falando com alguns amigos galegos, são ocasiões para troca de impressões agradáveis, muitas vezes laços de amizade se estabelecem, embora efémeros, é uma das facetas de que se reveste o espírito do Caminho, para além de outras que nos fazem sempre desejar, para o ano há mais.
Encontrar o albergue já lotado obrigou-nos a desfrutar de condições mais cómodas, aproveitadas para uma excelente noite de sono.
Domingo, 5 de Agosto. Xunqueira de Ambia - Oseira
Ourense |
Até Ourense o percurso foi favorável. Entrámos na velha cidade termal, situada nas margens do Minho, pelas 08:30, com o Quim a ter que resolver um problema na roda.
Ourense |
Em Ourense tinha passado de visita há um ano atrás, assim não dediquei muito espaço a fotos.
Enquanto o Quim tentava resolver o problema bicicleta, o Aguiar tirava fotos, aproveitei para reajustar o pequeno almoço, antevia-se uma generosa subida depois de Ourense.
Ponte sobre o Minho - Ourense |
Prossegui uma vez que o relógio já apontava para as 10:30. Na saída de Ourense, a má sinalização do Caminho fez-me andar às voltas, perdendo tempo e energia.
Ourense |
Quando finalmente deixei de ter que empurrar a bicicleta e alforges, indaguei, junto de um casal que cozia polvo para venda, tipo como quem vende na feira, um local para saciar a sede e encher o depósito de combustível! Tinha pedalado cerca de 100 metros quando encontrei o local indicado.
Cea |
Mal tinha começado a almoçar, vislumbrei o Joaquim que entretanto passava, foi preciso chamá-lo, depois de instalado, olhou para o meu prato e logo se decidiu pelo polvo, estava uma maravilha. Conhecedor daquele pitéu desde 2007, aquando do meu primeiro Caminho, deste polvo que nos foi servido nunca mais me esquecerei!. Então o Joaquim que nunca tinha experimentado a iguaria, ficou fã.
Monasterio de Santa Maria de Oseira |
De Cea, optámos por seguir para Mosteiro de Santa Maria de Oseira, e em boa hora o fizemos, é sublime a beleza e dimensão deste desta construção cisterciense.
O final desta penúltima jornada do Caminho foi um dos momentos altos deste Caminho Português, o ambiente de espiritualidade presente em Oseira contagiou-nos. Não é exagero referir que nos sentimos como que três miúdos num passeio à Eurodisney ou algo semelhante.
- Página oficial do Mosteiro de Santa Maria de Oseira: Mosteiro de Santa Maria de Oseira
- Página oficial do Mosteiro de Santa Maria de Oseira: Mosteiro de Santa Maria de Oseira
Hospedaria do Mosteiro |
Sentimos de forma mais acesa o ambiente e o espírito do Caminho, à visita guiada seguiu-se a celebração religiosa e o merecido repasto para repor as energias, gastas durante a excelente jornada por terras galegas.
Após o jantar, um passeio para alongar as pernas e apreciar a grandeza do mosteiro que visto de noite parece ainda maior, recolhendo de seguida ao albergue para a última noite, no dia seguinte ... Santiago.
Para além de nós, em Oseira, o número a pernoitar no albergue não ultrapassava a meia dúzia.
Neste dia fizemos 64,76 km, com 492, 29 km percorridos desde Coimbra. Para chegar a Santiago ainda faltava cumprir cerca de 80 a 85 km.
Segunda Feira, 6 de Agosto. Oseira - Santiago de Compostela
Alvorecer em Oseira |
Último dia de Caminho, acordámos cedo, pelas 06:00, o objectivo da jornada, para além de chegar a Compostela, seria o de conseguir alojamento em Redondela, onde no dia seguinte apanharíamos o comboio até ao Porto e daqui a Coimbra.
Igrexa de Santiago de Taboada
Àquela hora madrugadora, foi preciso andar perto de 10 km para encontrar a primeira localidade, Dozón, para a primeira refeição do dia. É fundamental para quem viaja deste modo as refeições bem repartidas, bem como a hidratação. Assim, depois de alguns quilómetros a pedalar em jejum, o pequeno almoço soube a pouco, embora tivesse chegado em boa hora.
Igreja de São Martinho Dornelas
Em Lalin, enquanto o Aguiar e o Joaquim continuaram pelo caminho, tive necessidade de procurar una tienda, a fim de substituir o pneu da roda traseira e mais umas pequenas afinações na bicicleta. Enquanto aguardava, decidi fazer uma incursão a pé pela cidade. Como ainda faltava muito para pedalar até Santiago, achei por bem reforçar o pequeno almoço.
A pequena cidade de Lalín , à semelhança da Mealhada, em Portugal, confere ao porco as honras de estátua, em praça pública. A frequente utilização de carne suína na culinária, com especial destaque para o cocido, é um hábito nestas paragens.
Parte do itinerário até Compostela, processa-se paralelo à estrada N 525. No entanto o Caminho faz-se em grande parte por frondosos bosques, agradáveis de percorrer. Nesta altura do ano o afluxo de peregrinos é maior, e, à medida que nos aproximamos do final maior número de pessoas se encontram.
Peregrinos em Taboada - Foto J.T.
Neste último dia cada um fez o seu Caminho, como me encontrava praticamente no limite das minhas capacidades era importante gerir muito bem o esforço, para chegar a bom porto. Depois de Lalín, sem que percebesse, acabei por passar pelos meus amigos, enquanto procediam a uma pausa.
Ponte sobre o rio Ulla
Pouco depois de Silleda, porque já era hora, parei num pequeno restaurante familiar. Fui atendido por uma simpática senhora, que acumulava as funções de cozinheira e empregada de mesa, apenas com a ajuda de um jovem rapaz e lá ia tomando conta de tudo. O meu desejo era comer uma sopa de legumes e uns tapas. Como não tinha sopa de legumes, foi-me sugerida uma favada, algo semelhante à nossa sopa da pedra, embora um pouco mais leve. Aceitei o conselho, mas pedi primeiro que me fosse servida uma pequena porção de tortilha. Para acompanhar o café, foi-me oferecida uma saborosa fatia de pão de ló, que aceitei e muito agradeci.
Igrexa de Santa Maria Magdalena, Puente Ulla
A pausa para refeição foi aproveitada para relaxar e alguns dedos de conversa com os irmãos galegos. Apenas faltariam cerca de 30 km para Compostela, contudo as dores musculares já me iam apoquentando.
Era altura para pôr novamente a bicicleta no Caminho Santiago. Em Puente Ulla, no exterior da igreja de Santa Maria Magdalena, um numeroso grupo de peregrinos aproveitava a sombra para descansar.
Após Puente Ulla, foi preciso vencer mais algumas subidas. Perante a proximidade da chegada, parecia que as forças tinham voltado, e as dores muscular pareciam ter desaparecido.
No albergue de Vedra procurei o reabastecimento de água, que não chegava a pouco mais que umas gotas. Procurei passar despercebido no albergue, mas logo fui abordado por uma jovem castelhana perguntando se procurava ficar no albergue, informando que o mesmo já estava lotado, mostrou curiosidade para saber de onde vinha, perguntas recorrentes entre quem viaja, após mais alguns dedos de prosa desejámos mutuamente um bom caminho.
Por fim a vista sobre as torres da catedral, uma rua em calçada, a descer, levou-me à entrada de Compostela. A enorme sede que levava, foi saciada com a fruta comprada mal entrei na urbe. Exagerei ao encher ainda mais os alforges com ameixas, pêssegos, uvas e bananas.
Depois de me misturar com a multidão, entrei na Plaza de Obradoiro descendo perigosamente, de bicicleta, as escadas adossadas à catedral.
Antes das tradicionais fotos na praça, corri à Oficina do Peregrino, a fim de solicitar a aposição do selo na credencial e obter a Compostellana.
A dois dias de completar 50 anos de idade, cumpri a última etapa, desde Santa Maria de Oseira, 101,71km e 594 km desde a cidade de Coimbra. O esforço valeu a pena, a experiência vivida foi inteiramente gratificante.
Uma menção especial aos amigos José Aguiar e Joaquim Tavares, o meu agradecimento pela paciência, sobretudo nas ocasiões em que tiveram de esperar por mim. Foi a primeira vez que fiz o Caminho em deploráveis condições físicas, sobretudo tendo em conta que o Caminho Português, por terras do interior, apresenta um grau de dificuldade superior relativamente a vias de peregrinação mais litorais, os designados Caminho Central e pela Costa.
Igrexa de Santiago de Taboada
|
Igreja de São Martinho Dornelas |
A pequena cidade de Lalín , à semelhança da Mealhada, em Portugal, confere ao porco as honras de estátua, em praça pública. A frequente utilização de carne suína na culinária, com especial destaque para o cocido, é um hábito nestas paragens.
Parte do itinerário até Compostela, processa-se paralelo à estrada N 525. No entanto o Caminho faz-se em grande parte por frondosos bosques, agradáveis de percorrer. Nesta altura do ano o afluxo de peregrinos é maior, e, à medida que nos aproximamos do final maior número de pessoas se encontram.
Peregrinos em Taboada - Foto J.T. |
Ponte sobre o rio Ulla
|
Igrexa de Santa Maria Magdalena, Puente Ulla |
Era altura para pôr novamente a bicicleta no Caminho Santiago. Em Puente Ulla, no exterior da igreja de Santa Maria Magdalena, um numeroso grupo de peregrinos aproveitava a sombra para descansar.
Após Puente Ulla, foi preciso vencer mais algumas subidas. Perante a proximidade da chegada, parecia que as forças tinham voltado, e as dores muscular pareciam ter desaparecido.
No albergue de Vedra procurei o reabastecimento de água, que não chegava a pouco mais que umas gotas. Procurei passar despercebido no albergue, mas logo fui abordado por uma jovem castelhana perguntando se procurava ficar no albergue, informando que o mesmo já estava lotado, mostrou curiosidade para saber de onde vinha, perguntas recorrentes entre quem viaja, após mais alguns dedos de prosa desejámos mutuamente um bom caminho.
Por fim a vista sobre as torres da catedral, uma rua em calçada, a descer, levou-me à entrada de Compostela. A enorme sede que levava, foi saciada com a fruta comprada mal entrei na urbe. Exagerei ao encher ainda mais os alforges com ameixas, pêssegos, uvas e bananas.
Depois de me misturar com a multidão, entrei na Plaza de Obradoiro descendo perigosamente, de bicicleta, as escadas adossadas à catedral.
Antes das tradicionais fotos na praça, corri à Oficina do Peregrino, a fim de solicitar a aposição do selo na credencial e obter a Compostellana.
A dois dias de completar 50 anos de idade, cumpri a última etapa, desde Santa Maria de Oseira, 101,71km e 594 km desde a cidade de Coimbra. O esforço valeu a pena, a experiência vivida foi inteiramente gratificante.
Uma menção especial aos amigos José Aguiar e Joaquim Tavares, o meu agradecimento pela paciência, sobretudo nas ocasiões em que tiveram de esperar por mim. Foi a primeira vez que fiz o Caminho em deploráveis condições físicas, sobretudo tendo em conta que o Caminho Português, por terras do interior, apresenta um grau de dificuldade superior relativamente a vias de peregrinação mais litorais, os designados Caminho Central e pela Costa.
1 comentário:
Muito bom o relato e o blogue aqui vai o link da minha experiencia no caminho portugues interior http://bttteamsobe.blogspot.pt/2014/08/caminho-de-santiago-ruta-da-plata.html
Enviar um comentário