quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Caminho Português de Santiago pela Costa

No Caminho Português Interior de Santiago, em 2012

Em 2012 retomei os Caminhos de Santiago, o último tinha sido em 2009, logo com o difícil, mas não menos belo Caminho Interior, de Coimbra por Viseu, Lamego, Ourense, até Compostela.

No ano transacto conheci o Caminho Central Português, de Coimbra a Santiago. Hoje vou iniciar a partir do Porto, com ligação de comboio de Coimbra a Aveiro e daqui partindo de bicicleta até à Cidade Invicta, onde darei início ao meu Caminho Português pela Costa. 

Ultreia e Suseia

sábado, 30 de agosto de 2014

Caminho Português de Santiago - Coimbra

Grupo de seis madrlenos a Caminho de Santiago
Na semana da rentré ao serviço, logo pela manhã, passei, à saída de Coimbra por seis Peregrinos a Santiago, iniciaram o Caminho em Lisboa, todos oriundos de Madrid, até ao destino final em Compostela. A todos um Bom Caminho

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Bicicletas, a moda que pegou de estaca.


Texto e Fotografia: António José Soares
Longe vão os tempos dos inícios dos anos noventa, ocasião em que comprei a "velinha Órbita de montanha", pela quantia de 42.000$00, correspondentes a 200 euros actuais, para dar umas "voltinhas" de fim-de-semana por Coimbra e região limítrofe.

Então, era raríssimo cruzar-me com outros ciclistas a quem saudar com o tradicional "bom dia". Na altura a moda parecia ter pegado e formou-ser um grupo heterogéneo, para "voltinhas domingueiras", que passaram a ser obrigação domingueira.

Contudo o grupo foi-se dissolvendo ao longo do tempo, por razões díspares. No entanto lá fui resistindo, mas vicissitudes várias forçaram a escassa utilização da bicicleta.

2007 foi um ano de viragem, passei a utilizar a bicicleta de forma mais regular, sobretudo nas deslocações para a minha actividade profissional, com novo fôlego, em parte motivado pela conclusão do Caminho Francês de Santiago,o qual percorri ao longo de onze jornadas, até concluir os seus 840 km, na Praça do Obradoiro.

Paulatinamente passei a engrossar o grupo dos "cicloactivistas" que, com a sua persistência, procuram captar e influenciar outros interessados a uma prática lúdica e desportiva, bem salutar. Apenas lamento a fraca utilização da bicicleta de 2010 a 2011, de que me ressenti mais tarde, facto de que me arrependo, sobretudo pelos dias em que não consegui vencer a preguiça.

Por Julho de 2012, então de férias na praia do Carvalhal, na Comporta,  comecei a intensificar uma prática que não precisa de argumentos para justificar a sua adopção. Então não me recordo de ter visto algum ciclista por aquelas paragens. No entanto, regressando ao mesmo local, dois anos mais tarde, para um curto período de férias, desta vez em Agosto, foi  com agrado que verifiquei o  aumento exponencial de utilizadores de bicicleta  a circular localmente no acesso às praias, outros de passagem, com alforges nas bicicletas, pedalando ora  para norte ora para sul,  indiciando voltas mais longas.


Antiga ponte ferroviária da linha do Dão, agora transformada em 50 km de via totalmente ciclável, sem dúvida um projecto de sucesso, com recurso a fundos comunitários.
Felizmente constata-se cada vez mais a existência de movimentos espontâneos sobretudo de ciclistas ou "cicloturistas" que procuram cativar, nomeadamente através  da demonstração de experiências positivas, no âmbito da mobilidade suave, demonstrando experiências cativantes, sobretudo dando a conhecer lugares fantásticos do cantinho lusitano, através de pequenos vídeos ou com recurso à fotografia.

Pontualmente vão surgindo também algumas infra-estruturas, com vias ou pistas apelativas à circulação de bicicleta, geralmente por iniciativa de uma ou outra autarquia.


Infelizmente, os casos são esporádicos e embora existindo um documento orientador estratégico, para a implementação de projectos de meios de transporte suave, amigos do ambiente, a efectivação dos mesmos tem sido escassa.


Ciclovia na Murtosa: nem sempre o recurso a tapetes betuminosos para construir ciclovias é a solução mais adequada, os "estradões" como ilustra a imagem é uma boa solução para percursos mais ecológicos.

Apenas com determinação, grande desígnio estratégico e séria vontade de fazer obra concertada envolvendo os governos nacional e regionais e autarquias, independentemente da cor política, assim como as empresas de transporte de passageiros, com dimensão nacional e regional, será possível atingir metas que todos desejaríamos.
Ponte da Cal ladeada de ponte metálica pedonal. A edificação de estruturas que facilitem a circulação pedonal e de bicicletas é sempre de enaltecer.

A CP poderia e devia ter uma acção mais pro-activa, bem como a Carris e os STCP, os Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra, os Transportes Municipais de Braga, assim como demais serviços de outras cidades, facilitando e incrementando a circulação de bicicletas no material circulante, no caso das empresas de transportes e as autarquias com politicas efectivas e eficazes de incentivo à salutar utilização das duas rodas não motorizadas.

A prioridade às obras faraónicas de custos elevadíssimos e benefícios reduzidos para populações, tem sido o caminho seguido, as verbas despendidas em alguns dos viadutos da autoestrada 13, dariam para financiar folgadamente a conclusão do projecto Metro Mondego, obra começada e inacabada. Deixo aqui a sugestão para que se aproveita a obra feita em pista ciclável, como forma de minimizar prejuízos às populações de Miranda do Corvo, Lousã e Coimbra.   


Está também ao nosso alcance participar, apelando e dando sugestões, mobilizando mais interessados, para engrossar cada vez mais o grupo dos "cicloativistas". No entanto é importante assinalar que cabe sobretudo às organizações empresariais e territoriais corresponder à vontade, cada vez mais expressiva e generalizada de uma grande franja da população portuguesa.
Ponte Pedro e Inês, ligando o Parque Verde, implantado nas duas margens do Mondego, em Coimbra, epicentro de uma vasta zona ciclával.


Termino com um apelo, façamos de Setembro o mês europeu sem carros suplantando o dia ou a semana europeia sem carros.

Por fim, parafraseando o saudoso e excelente jornalista Vítor Santos, se bem que a propósito de um outro tema, atrevo-me a dizer que finalmente a "bicicleta pegou de estaca". Não se trata apenas de uma moda passageira, antes de um modo de vida ou melhor, de uma forma de estar na vida.


Mobilidade em destaque:


Torres Vedras

O município disponibiliza um sistema de aluguer de bicicletas públicas - "Agostinhas". O cognome  consiste numa homenagem ao ilustre ciclista  Joaquim Agostinho. As "Agostinhas", estão distribuídas por 11 Estações de Bicicletas Públicas,  pela Cidade de Torres Vedras, junto às escolas, áreas comerciais e serviços públicos. São disponibilizadas bicicletas standard a pedal e eléctricas. Também são disponibilizadas bicicletas com cadeiras para crianças e cestos de transporte de pequenos objectos.



San Sebastian


Merecê de excelente aproveitamento de verbas comunitárias, ao abrigo do Programa Civitas, tem uma rede de ciclovias urbanas invejável, exemplo a seguir em toda a Europa.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

"Do Castelo à Boa Viagem" - III Parte



Vista do Castelo de Montemor-O-Velho, sobre os campos de arroz
"Do Castelo à Boa Viagem", é a última da trilogia de crónicas em redor do Mondego. Começa em “Monte-mayor”, mais propriamente do alto do Castelo que domina os campos outrora bem mais alagadiços, no tempo em que o rio tinha o cognome de “Basófias” e no Inverno transformava os campos agrícolas num mar de água que rodeavam pequenas ilhas, como a Ereira, de todas a  mais fustigada.

As várzeas alagadiças são hoje mais controladas, face às obras que transformaram o rio, retirando sentido um pouco o sentido ao nome.

Montemor-o-Velho, com fortes raízes medievais,  com expoente no Castelo, sem dúvida o seu ex libris, é uma vila com um património histórico, arquitectónico e cultural bastante rico. A gastronomia é igualmente uma mais valia, com raízes históricas, sobretudo no que à doçaria conventual diz respeito. São célebres as espigas-doces que rivalizam com pastéis de Tentúgal e Queijadas de Pereira.



terça-feira, 17 de junho de 2014

Coimbra e região, Campos do Mondego - Parte I


Na presente edição optámos por ir à descoberta de percursos cicláveis pelos campos do Mondego, intercalando natureza e história, numa viagem entre Coimbra e a Figueira da Foz, optando no regresso por recorrer aos comboios da CP.

Da grande zona ribeirinha que é a grande planície aluvial, de grande riqueza agrícola, vulgarmente designada por Campo ou Campos de Coimbra e que compreende parte das sub-regiões de Soure e Montemor-o-Velho, até ao Mondego encontrar a foz, onde, para norte e para sul, nasce o pinhal que se desenvolve pelas frondosas matas de Quiaios, de Lavos e do Urso, e as praias da Figueira e da Tocha, a nossa viagem de hoje irá terminar na vila de Pereira.
Com o Mondego por referência, o percurso iniciou-se no Choupal, mata plantada no século XIX para impedir o contínuo amontoar de areias nos terrenos de cultivo, e estendeu-se na visita ao Palácio de São Marcos, nas imediações de São Silvestre, bem como pela passagem pelas vilas de Ançã, Tentúgal e Pereira.

Choupal de São João do Campo
Até chegar a Coimbra o rio corre ladeado por encostas escarpadas até à Portela, onde se encontra com o Ceira, seu afluente. Na velha Aeminium a corrente das águas é sustida pelo açude, dando origem à formação de um belo e espelhado lençol de água que reflecte as nuvens, o casario e as pontes.

A Barragem da Aguieira e o Açude-Ponte de Coimbra, construídos nas décadas de setenta e oitenta do século passado, retiraram um pouco o sentido ao epíteto de Basófias, por nele correr pouca água no Verão e transbordar das margens no Inverno. Na baixa coimbrã, quando o Mondego galgava as margens, o acesso a algumas ruas apenas era possível de barco.

Voltando ao Choupal, mata de poetas e doutores, também de amores e desamores, perdido um pouco a sua áurea romântica do passado, é hoje local predilecto dos conimbricenses para a prática de desporto, seja a correr, caminhar ou a andar de bicicleta.


Deixando para trás a mata com os seus trilhos e recantos infindáveis, seguimos beira rio, após poucos quilómetros percorridos derivamos para o interior dos campos agrícolas  até ao Rio Velho  ladeado por novo choupal, entre São João do Campo e São Silvestre, por onde se circula agradavelmente.

Para chegar ao antigo Convento de São Marcos, passamos obrigatoriamente na vila de São Silvestre, de origens ancestrais, que iniciou contudo o seu desenvolvimento apenas nos finais do século XV, por influência da proximidade do Convento.

Ao cimo da povoação encontramos um solar brasonado, de construção setecentista. Remodelações efectuadas no edifício, no decorrer do século XX, tornaram-no numa sombra do passado, claramente distorcido, relativamente ao seu carácter original. Mantém-se apenas a porta da entrada, rasgada por vão de verga curva, com cornija.

Distando umas centenas de metros da povoação, o Mosteiro de São Marcos é obra de vulto na região, não encontrando paralelo.

Tendo começado a ser construída no século XV, da igreja inicial quase nada ficou. As obras iniciaram-se cerca de 1452, acabando por volta do decénio de 80, sabe-se que foi seu arquitecto Gil de Sousa, que já construíra o convento de Penha Longa.

A igreja conserva ainda um singular e magnífico conjunto de arte tumular existente em Portugal, documentando a sua evolução nos séculos XV e XVI.

Palácio de São Marcos, sobranceiro aos campos
A fachada actual é da época rococó e apresenta linhas elegantes de referente clássico, na frente desta estende-se para poente o largo e comprido terreiro de plátanos, em cuja entrada se levanta o alto cruzeiro de 1783.

O Mosteiro de São Marcos, é, sem dúvida, a obra de arquitectura com linhas mais elegantes e de erudição que encontramos nos campos do Mondego.

De São Marcos, é possível apreciar a deslumbrante paisagem dos campos agrícolas, bordejados por pequenas colinas, que raramente ultrapassam os 100 metros acima do nível do mar e se estendem no horizonte.


Os Campos de Coimbra, vista de São Marcos
Prosseguindo em direcção ao campo, optámos por seguir por uma pequena estrada asfaltada, contígua aos campos agrícolas, passamos primeiro por São Martinho de Árvore, mas o destino é Tentúgal, onde nos esperam pastéis e queijadas, e o famoso arroz de pato que por estas bandas é muito apreciado.

Mas Tentúgal tem mais que pastéis e queijadas. O seu conjunto de casario, com sardinheiras encostadas às paredes e um notável conjunto de edifícios dos séculos XVI a XVIII, dão à povoação um carácter de nobreza que se percebe, muito porque as construções modernas pouco desvirtuaram a herança do passado.

As referências mais antigas à vila de Tentúgal datam da primeira reconquista cristã, nos anos de 954 e 980. O facto de aqui ter nascido o conde D. Sesnando, primeiro governador de Coimbra depois da reconquista de 1064, confere-lhe notoriedade. D. Sesnando era, ao mesmo tempo, senhor de metade da vila, por herança de seus pais, e desempenhou papel bastante importante na reconquista.

Tentúgal, casa setecentista
Mas não podíamos deixar Tentúgal resistindo aos deliciosos pastéis, até porque é importante a reposição de açúcar, assim a combinação de um pastel com o café foi inevitável.

Novamente a pedalar, atravessámos o campo em direcção ao rio, com destino à vila de Pereira, a que D. Dinis deu foral em 1282, tendo posteriormente obtido o foral manuelino a l de Dezembro de 1513.

Encontramos na vila de Pereira um conjunto de edificações civis e religiosas de assinalável interesse das quais se destaca a igreja da Misericórdia e a casa do celeiro dos Duques de Aveiro, mas mais do que casas brasonadas, a gentes da vila orgulham-se de ostentar como verdadeiro brasão o título de “lavradores”  que davam a si próprios em virtude do seu labor pelo trabalho agrícola e de pastorícia.


Pereira, igreja da Misericórdia
Em Pereira é obrigatório provar as vetustas queijadas, com elevada percentagem de queijo, ou as “barrigas-de-freira” oriundas do Real Colégio das Ursulinas, transferido para Coimbra em meados do século XIX.

Terminamos com uma incursão pelo Paul de Arzila, irrigado pela Ribeira de Cernache. O Paul está classificado como Reserva Natural. São muitas as espécies raras, em vias de extinção, que encontram abrigo neste habitat húmido. Lá se podemos encontrar aves como a garça vermelha, a garça real, a cegonha branca, entre outras.

O regresso fez-se de comboio, de Arzila até à estação de Coimbra B, com as bicicletas estacionadas no compartimento que lhes está adstrito, uma viagem calma, rápida e confortável nos comboios da CP, facto que deve ser elogiado, lamentando-se apenas que tal não se verifique nas linhas do Douro e Minho.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Circular de bicicleta em Coimbra


Em Coimbra muito há a fazer no campo da mobilidade sustentável. A cidade parece continuar divorciada dos seus habitantes que usam  ou pretendem utilizar frequentemente  as bicicletas. 

As vias não são adequadas à circulação conjunta de automóveis, viaturas de transportes públicos e bicicletas, favorecendo a circulação automóvel.

Infelizmente é comum encontrar condutores  sem urbanidade e desrespeitadores do código da estrada, agressivos para com os ciclistas. 

Uma boa política de mobilidade não passa só e exclusivamente por oferecer bons transportes públicos, ou boas vias para a circulação automóvel e parques de estacionamento. O transporte em meios suaves é essencial para as cidades do futuro. 

domingo, 11 de maio de 2014

Coimbra e Região, de bicicleta.

Torres do Mondego - Penacova - Serra da Aveleira - Mata de Vale Canas

O Mondego visto da margem esquerda, próximo das antigas minas de chumbo de Barbadalhos ou do Zorro. 

Em 1987, Nélson Correia Borges, na sua 1ª edição, do volume 6, da colecção dos Novos Guias de Portugal, sob o título “Coimbra e Região”, abre assim a "Introdução Geográfica":

 “Região de mil matrizes, a descer do cimo do Buçaco e da Lousã, até às planuras arenosas da beira-mar, tem de tudo um pouco para oferecer, desde o mais erudito ao popular. As cidades, vilas e aldeias, com seus monumentos, ruas e gentes, surpreendem sempre personalizadas e simultaneamente participantes, da paisagem de sonho, que o poeta pôde sentir de perfeição celestial:” 

Na esteira do que escreveu,  cita Miguel Torga, no Diário VII:

“O mal desta paisagem de Coimbra é que não tem arestas que o corpo e o espírito precisem de limar. Ambos deslizam por ela como enguias no lodo. E a longa história do convívio humano com a suavidade das suas formas é um equívoco dramático. Cuida cada mortal, que caminha ainda no chão, e passeia já na bem-aventurança.”

A obra de Borges, mais que um guia, é um verdadeiro romance sobre Coimbra, cidade e região. Motivado pela sua leitura, resolvi avivar a memória sobre estes lugares, percorrendo-os de bicicleta, experimentando alguns destes percursos ainda desconhecidos e embrenhando-me por lugares com história, de diversificada e bonitas paisagens, em redor de uma cidade e região de encantos e encontros.

O Mondego na Portela, no horizonte as Torres do Mondego
Na Portela, onde o Mondego recebe o Ceira e se liberta das amarras montanhosas das encostas escarpadas, abrindo-se à sua maior cidade e espalhando-se para os campos verdejantes, na sua derradeira viagem até à Figueira, iniciei a minha primeira viagem, sempre pela margem direita do rio, até à vila de Penacova.
  
Passando sob a ponte da antiga linha de caminho-de-ferro da Lousã, percorridos cerca de 2 km, alcancei as Torres do Mondego, outrora pertencente a São Pedro de Coimbra e Santo António dos Olivais e hoje sede de freguesia com o mesmo nome.

Situada no dorso da encosta o casario em presépio estende-se até ao rio, num beijo quase perfeito. Por aqui se encontram excelentes locais de lazer, junto às margens, principalmente no Verão.

Torres do Mondego e o rio, no Penedo do Corvo mítico local  que atravessou gerações


De criação recente, a Praia Fluvial dos Palheiros, situada na freguesia das Torres do Mondego, conta com excelentes infra-estruturas de apoio, com bar e outros equipamentos essenciais. Mas o destaque vai para a excelente qualidade da água a que se associa um envolvimento paisagístico notável.

Praia Fluvial da Freguesia de Torres do Mondego
Penduradas nas encostas do lado oposto, os lugares de Carvalhosas, Palheiros e Zorro, espreitam lá do alto, envolvidos pela densa vegetação que alterna com terras de cultivo. Numa margem como noutra é possível de encontrar bons trilhos para a prática do BTT, ou cicloturismo.

Para completar o conjunto de lugares da freguesia de Torres, que convivem com o rio, o Porto Meio, o Casal da Misarela e a Ribeira proporcionam também boas alternativas para caminhadas ou programas com bicicletas. O verde domina a paisagem e a simbiose com a água completa um  quadro encantador.

Entre a Portela do Mondego e Penacova, torna-se difícil escolher qual o trecho mais belo do rio, se a Pedra Aguda com os seus recantos se o Caneiro, onde casario pendurado na encosta vigia o rio que aqui corre mais rápido e estreito.

No Caneiro, o colorido sobre a água de canoas e kayaks, são uma presença constante de Maio a Outubro, actividade ameaçada por razões de interesse económico, que resulta da tentativa de aproveitamento hidroeléctrico do troço do rio entre Penacova e Caneiro, mesmo ao arrepio de pareceres ambientais que desaconselham tal projecto. Esperemos, a bem da razão, que prevaleça a vontade de todos os que amam o rio. 

Na Rebordosa o vale estende-se por várzeas férteis e uma ponte liga as duas margens até aos  lugares da Ronqueira e Carvoeira. Tanto por uma como por outra margem podemos alcançar Penacova. 

O Mosteiro de Lorvão
A partir da Rebordosa, subindo, se chega a Chelo e à vila de Lorvão, onde uma pequena ribeira separa o casario do Mosteiro. Em Lorvão, tradição e a história remontam aos primórdios do reino. Do folclore à gastronomia, passando pela arte de fazer palitos, de forma artesanal, os lorvanenses souberam guardar o legado que perdura desde a Idade Média.

A igreja do Mosteiro alberga o maior órgão de tubos construído em Portugal, que longo e competente restauro devolveu ao instrumento o seu som e o número de tubos iniciais – quatro mil. Mas para falar de Lorvão e do seu Mosteiro, precisaríamos com certeza muito mais do que as linhas que dispomos para escrever.

Lorvão, o casario e o Mosteiro
Saindo de Lorvão podemos seguir subindo para Sernelha, para depois voltar a descer a Penacova, mas o mais lógico e suave é enveredar novamente em direcção à Rebordosa e continuar a serpentear o rio até à ponte. Junto a esta, na Azenha do Rio, pode encontrar-se uma iguaria de que a vila se orgulha de ostentar o estatuto de capital. Falamos da lampreia. Para os que apreciam, a lampreia é aqui confeccionada de forma sublime.

Finalmente Penacova, a Princesa, que do alto vigia o Mondego, tem origens remotas e difíceis de encontrar no tempo. Referências medievais aludem a um castelo que já não existe. A vila pendura-se no alto, sobranceira ao rio, do Penedo de Castro se avista para jusante o vale fértil, que estreita a partir da Ronqueira e Rebordosa. Para montante os fraguedos alcantilados erguem-se entre uma e outra margem, na vertical, em lascas regulares, tal como lombadas de livros, daí o nome “Livraria do Mondego”.

Penacova vista do "Penedo Alto" 
A doçaria conventual de Lorvão e Penacova, é o regalo dos mais gulosos, a meio de uma volta de bicicleta, espreitando os recantos do Mondego, o fascínio da paisagem encontra rival nas Nevadinhas e nos Pastéis de Lorvão, assim, nada como reabastecer com uma Nevada e um café no café Turismo.
Vista do café Turismo, Penacova, com o Pastel de Lorvão à direita e Nevada, à esquerda, em plano primordial

Existe em Penacova um conjunto considerável de moinhos de vento, quase todos desactivados da sua função primaz, a moagem. Na Portela da Oliveira, a caminho da serra do Buçaco, existe perto de uma vintena de moinhos, uns recuperados, outros já avaliados pelo IPPAR, em vias de restauro. Destaque para o moinho Vitorino Nemésio e ainda para o Museu do Moinho.

Moinhos de Gavinhos, Penacova

Na vertente oposta, a caminho da Serra da Aveleira, encontramos em Gavinhos outro conjunto considerável de moinhos. É pena não ser possível observar a sua principal beleza, que consiste sobretudo nas velas presas aos varais. O santuário mariano aqui construído aparece um pouco desfasado da paisagem.
Continuando para Coimbra, após a passar Figueira de Lorvão, Granja e Paradela, antes de entrar na Aveleira, encontramos o mais pequeno e ultimo conjunto de moinhos.
        
Vista da Serra da Aveleira
Após um olhar sob o horizonte, da serra da Aveleira pode adivinhar-se a serra do Buçaco, bem como as planuras de Coimbra. A Carapinheira da Serra deixa antever que a cidade do Mondego está próxima. Depois do Dianteiro vêm a Cova do Ouro, o Casal Lobo e finalmente a frondosa mata de Vale de Canas, local aprazível na Primavera e Verão onde podemos encontrar refúgio à sombra do arvoredo, para um agradável piquenique.
Mata Nacional de Vale de Canas - Torres do Mondego
Vale de Canas,  importante pulmão da cidade de Coimbra, estende o seu arvoredo na encosta vertente a Leste, para o Mondego, ladeando o Casal da Misarela e as Torres do Mondego, freguesia à qual pertence.
Para terminar, na descida do Picoto dos Barbados ao Tovins,  tempo ainda para nos determos sobre Coimbra e observar o pôr do sol a pintar a paisagem urbana, em conjunto com o aparecimento tímido de algumas luzes, a adivinhar a noite. 



sábado, 15 de março de 2014

Galiza - Revista



Inauguração do Albergue de Peregrinos em Coimbra

Mosteiro de Santa Clara-a-Nova - Coimbra
Finalmente Coimbra tem um albergue de peregrinos, fruto de um dedicado trabalho dos Irmãos da Confraria da Rainha Santa Isabel, presidida pelo docente da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Doutor António Rebelo.

O albergue dispões 14 camas em beliches e pode receber, em períodos de grande afluxo, um numero máximo de 20 peregrinos. 

Foi a concretização de um sonho de há muito tempo, nas palavras de António Rebelo, Presidente da Confraria, que realçou também o grande papel da Rainha Santa Isabel no apoio aos peregrinos devotos a Santiago, providenciando o seu acolhimento no Mosteiro, bem como a contribuição para a melhoria dos caminhos, nomeadamente no apoio à construção de pontes e outras acções.

Nos discursos de inauguração foi tónica dominante a importância que representa este albergue para o fenómeno dos Caminhos de Santiago e para a cidade de Coimbra na sua umbilicalidade com a sua Santa Padroeira, também ela peregrina e com a particularidade de ser única na tripla qualidade de santa,  monarca, e peregrina.

O funcionamento do albergue será assegurad
o pela equipa de voluntários da Confraria da Rainha Santa Isabel, com o seguinte horário:

Admissão: das 14:00 às 22:00. Saída: antes das 9:00.
Os interessados deverão contactar os funcionários na sacristia da Igreja da Rainha Santa Isabel até às 18:30.
Informações: +351 239 441 674
Telefones de contacto depois das 18.30:  +351 916 008 988 / +351 934 596 564 / + 351 966 321 235

Credenciais de Peregrino: quem desejar iniciar o seu Caminho a partir de Coimbra, poderá obter a credencial e informações complementares no recordatório da igreja da Rainha Santa Isabel.

terça-feira, 4 de março de 2014

Sinalização do Caminho Português de Santiago - Coimbra


Do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova até ao Largo da Portagem é necessária atenção redobrada dos peregrinos a Santiago. As marcações apresentam já algum desgaste e a entrada um pouco confusa e perigosa no largo do Mata Frades pode induzir em erro, sobretudo para quem faz o Caminho de bicicleta.

A foto em baixo ilustra a sinalização, ou a sua ausência.




segunda-feira, 3 de março de 2014

Bicicletas nos comboios, resposta à CP


As linhas do Douro e Minho têm um potencial a desenvolver que a CP se "recusa" a encarar com visão estratégica responsável.

Relativamente à circulação de passageiros, acompanhados de bicicletas, nas já citadas linhas do Minho e Douro, a CP tem a dizer o seguinte:

-“Devido às características do material circulante que efetua o serviço Regional/ Inter-regional nas linhas do Minho e Douro, e não existindo de modo algum condições para o transporte de bicicletas, não é autorizado o seu transporte sendo que o mesmo só se destina ao transporte de passageiros.”

Na sequência da reclamação por mim efectuada e que já dei conta neste espaço, passo a contra argumentar:

-As linhas do Minho e do Douro podem transportar-nos a destinos de enorme interesse para a prática do cicloturismo que, felizmente, começam a ser muitos no Norte do País.
O investimento, com dinheiros públicos, que tem sido efectuado, e bem, na criação de ciclovias, nomeadamente através do aproveitamento das antigas linhas de caminho de ferro merecia da parte da CP outra atenção e operacionalidade, tendo em vista o usufruto que a oferta turística proporciona.
As antigas linhas do Corgo, Tâmega e  a ciclovia entre Viana do Minho e Ponte de Lima, são alguns locais a que se podia aceder utilizando as composições da CP e que no presente não é possível.
O regresso desde Vigo para quem peregrina a Compostela de bicicleta é igualmente inexequível.
Não seria adequado a CP criar oferta estratégica diversificada no âmbito da promoção turística nacional, divulgando locais de interesse e produtos turísticos regionais com interesse nacional e internacional? Com certeza que sim, porventura em colaboração com as Regiões de Turismo e a pensar num determinado público-alvo, através de acções promocionais.

A utilização do comboio como transporte ideal para aceder a locais de inegável interesse turístico, será, por certo, boa política.