quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Crónica do 1.º dia do Caminho Português, Coimbra - São João da Madeira. - 110km

O momento tão ansiado tinha finalmente chegado, mais uma vez não consegui descansar o tempo que se impunha. Às 06:00 reunimo-nos na garagem do José Botelho para rumar junto à igreja de São Tiago, em Coimbra, onde iniciámos o Caminho Português de Santiago de Compostela.

Após o pequeno ritual das fotos, iniciámos o Caminho, pela margem direita do Mondego. As primeiras pedaladas, pela manhã, eram leves e quase faziam esquecer o peso dos alforges.

Na Mealhada o encontro com um casal de peregrinos da Lituânia
Na Mealhada uma primeira paragem para o indispensável café. Foi também o momento do encontro dos primeiros peregrinos, um jovem casal procedente da Lituânia, com quem trocámos algumas palavras.

O momento era de progredir no caminho, mas o certo é que fomos andando um pouco aos solavancos, com paragens em Anadia, Avelãs de Caminho, Águeda, cidade onde aproveitámos para obter um conjunto de fotos original.

Uma das ruas da baixa de Águeda apresentava-se quase totalmente coberta por guarda chuvas coloridos, formando um efeito engraçado e produzindo agradável sombra para dias de calor, como era o caso.

Continuámos o caminho. À medida que a manhã avançava, o calor começava a fazer-se sentir cada vez mais forte. Depois de passar Águeda, foi altura para cuidar de reabastecer os depósitos de combustível das bicicletas, assim parámos num café em Mourisca do Vouga e tratámos de refrescar as gargantas e da desejada alimentação. Em Pedaçães descemos à Ponte Medieval do Marnel, situada a 100m da antiga Estrada Nacional n.º1 que permitia a travessia de Cabeço do Vouga. A ponte integrava o extenso traçado da antiga via romana que ligava Bracara Augusta a Olisipo.
Ponte do Marnel
Prosseguimos o caminho com uma paragem forçada na travessia do Vouga, pois a velha ponte por onde haveríamos de passar estava subtraída de um tabuleiro, o que nos obrigou a pedalar um pouco pela IC2, para entrar de novo no caminho.
Após a passagem das "Albergarias", Velha e Nova, um pouco antes de chegar ao extinto concelho de Pinheiro da Bemposta, localidade da qual desconhecia o seu rico património histórico e arquitectónico, ainda conversámos com um peregrino italiano que se lamentava do percurso do Caminho Português, entre Lisboa e Golegã e de Coimbra para Norte, com poucas sombras  e muito asfalto. Concordo, é um martírio para quem viaja, sobretudo a pé.
Pinheiro da Bemposta

Reabastecimento em Oliveira de Azeméis
Em Oliveira de Azeméis impôs-se nova paragem para um pequeno lanche e reabastecimento de água, a sua ingestão frequente é absolutamente fundamental para não se cair em desidratação.

Espigueiro e Ponte Medieval, Cucujães
A jornada aproximava-se do seu termo, em Cucujães, após passarmos por uma pequena ponte medieval, efectuámos uma repentina visita ao exterior do Mosteiro. Finalmente, após alguns quilómetros a subir, chegámos ao centro de São João da Madeira, pelas 19:40, tendo percorrido 110km.  Aqui foi necessário esperar cerca de 40m, junto às instalações da Associação de Bombeiros Voluntários, por um membro da companhia de bombeiros que nos indicou o caminho a seguir.

Fica um pequeno alerta para os peregrinos que utilizem bicicleta, é preferível subir mais um pouco até Arrifana, pernoitando nas instalações dos Bombeiros Voluntários desta localidade, uma vez que para pernoitar no Quartel dos Bombeiros Voluntários de São João da Madeira, é necessário andar em sentido inverso cerca de 5km.
São João da Madeira, final de jornada, 110 km
O dia ainda não tinha acabado, depois de instalados e tomado o tão ansiado duche, foi necessário percorrer mais 2km até podermos encontrar um estabelecimento para repasto.

De regresso ao quartel, onde também pernoitava um jovem casal de peregrinos espanhóis, foi difícil adormecer, primeiro devido ao barulho proveniente do bar contíguo ao pavilhão, depois com um extraordinário concerto de música "ronqueira" protagonizado por um exímio executante na arte de ressonar. A prestação foi tão competente que me deixou sem dormir, tal como ao Joaquim Tavares, uma boa parte da noite. Penso que até nem deixou indiferentes os peregrinos espanhóis ali presentes.

Fotos da 1.ª Jornada

3 comentários:

Ana Cristina Cardoso disse...

Noites com música.... si!.... Mas este género é dispensável... não priminho??
:)

AJSoares disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Pois o género é absolutamente dispensavel e não sei porque carga de água,tendo dormido mesmo ao lado das vítimas, mas escapei a tão grande turbulência vocal. Devo ser surdo de ouvido, o que é uma grande vantagem nestas circunstancias. Ai o cão, se o apanho corto-lhe a goela....francamente a incomodar daquele modo os meus companheiros de viagem. Não havia nexexidade.