quinta-feira, 13 de agosto de 2015

SkyTrail 3 - De Alvoco da Serra à Torre e descida para Vide

Paisagem serrana, imagem captada entre Alvôco e Loriga

O epílogo da jornada de três dias pelo maciços centrais das Serra da Lousã, São Pedro de Açor, e Estrela, terminou de forma fantástica na "Torre", em 30 de Março de 2015. No mesmo dia a arrepiante descida para Vide, atendendo às velocidades atingidas, constituiu a "mini etapa" de consagração de uma volta que deixou nos intervenientes o irresistível desejo de voltar a repetir, numa próxima oportunidade, proeza semelhante...






Vista de Loriga
Na povoação de Alvoco da Serra o grupo passou a contar com  mais dois elementos, o André Baeta e o seu filho Miguel, que viajaram da Lousã, com o propósito de nos acompanhar na subida do Adamastor, de Loriga à Lagoa Comprida, com término na Torre.

Os elementos do grupo que perfizeram a totalidade do percurso, talvez  em razão da fadiga acumulada, passaram a noite num verdadeiro concerto polifónico, onde foi possível escutar originais e melodiosas formas de ressonar, o que deixou algumas das vítimas à beira de um ataque de nervos, impotentes para calar verdadeiros trombones e fagotes.

Piscinas naturais em Loriga

Querendo acompanhar a festa, pela calada da noite, pequenos bichinhos invisíveis foram enchendo o papinho, picando aqui e ali, a seu bel-prazer, escolhendo livremente os alvos mais apetecíveis.

Na manhã seguinte, a orquestra de sopro deu lugar a um grupo de cordas, tal a destreza evidenciada pelo grupo, num verdadeiro coça - coça, a lembrar exímios guitarristas na execução de solos, neste caso substituindo as cordas por enormes brotoejas. Apenas escaparam os detentores de sangue ruim.


Loriga, pequeno almoço e reabastecimento

A expectativa da subida à Torre fez crescer um pouco o grau de ansiedade do grupo. Na saida para a Loriga, a radiosa luz matutina colocou ainda mais à evidência os harmoniosos atributos da vila de Alvoco da Serra, cuja fadiga da véspera prejudicou, em parte, a sua apreciação. De Alvoco à Torre, pode  subir-se  o vale glaciar por um trilho de pastores, percurso para 10km,  a merecer a nossa atenção, em próxima oportunidade.


Cruzamento de Loriga
Por fim lá partimos em direcção a Loriga, povoação beirã muito singular, recortada em socalcos entre duas vertentes. Banhada pela ribeira de seu nome, onde podemos encontrar uma soberba praia fluvial de rara beleza. E foi em Loriga que tratámos de tomar a primeira refeição do dia, aproveitando também para o reabastecimento indispensável.

O André Baeta aguardou pelo grupo no cruzamento de Loriga para a Torre, onde estrategicamente estacionou a viatura, a fim de nos acompanhar. Quase todo o pelotão aproveitou para se livrar dos alforges, indesejáveis para qualquer subida, quanto mais a do Adamastor. Apenas dois teimosos teimaram em levar a carga até ao fim, uma decisão que viria a ter os seus custos.

A penosa subida do Adamastor, com alforges e vento de frente
O ritmo da subida não poderia ser muito forte, a percentagem de inclinação, aliada ao forte vento que se fazia sentir e ao peso dos alforges, ditaram uma subida esforçada. Os momentos destinados à captação de imagens não ajudaram à manutenção de um ritmo regular.

A subida à Torre. por Loriga, parecia nunca mais acabar, quando finalmente foi alcançado o cruzamento da estrada Sabugueiro - Torre -Covilhã, um pouco acima da Lagoa Comprida, parece que ganhei novo alento, já pouco falta, pensava..

Garganta de Loriga, na subida para a Torre
Há momentos em que a força parece desaparecer,  mas, ultrapassada essa fase, com a reposição de elementos energéticos necessários e quiçá em razão da transformação do cenário paisagístico, nova alma surge.

Serra da Estrela - Torre
Foi um pouco o que aconteceu, a expectativa do aproximar do alto da Torre e a contemplação do maravilhoso cenário da Garganta de Loriga.  Apesar da fadiga, resolvi imprimir um ritmo mais forte e constante,  mesmo com o peso dos malditos alforges.




O final da subida já foi percorrido entre a paisagem sarapintada de neve, que transmitia alguma sensação de frescura, no meio do calor tórrido que se fazia sentir neste início de Primavera, procurando tirar o prazer de pedalar no planalto, com a agradável brisa a embater no rosto e já a pensar no delicioso pão com queijo da serra e presunto...

Serra da Estrela na Primavera
Após a chegada à Torre, e à captação dos registos fotográficos para ilustrar o momento, a pausa foi aproveitada para a indispensável "sandocha".

Mas a etapa ainda não terminara, e, após os momentos de convívio no alto da serra, ficou marcado encontro com a "Princesinha", velhinha Toyota Hiace, para Vide, conduzida pelo Carlos, colaborador do pelotão. A descida foi louca, a uma velocidade incrível para a minhaTrek de montanha


Em Vide à espera da "Princesinha"
Notável e a merecer registo foi, sem dúvida, o espírito de sacrifício e a vontade  em vencer o Adamastor, extensível a todos, cada um a seu ritmo, todos com a mesma vontade.

Como epílogo da viagem de  três dias pelo maciço central da serras beirãs, um destaque especial, direccionado para o colectivo, pela forma como soube conviver, pela amizade, solidariedade e, acima de tudo, o saber estar. Mas, num pelotão maioritariamente constituído por homens, o destaque vai por inteiro para a Catarina, única presença feminina no pelotão, merece, com toda a justiça uma referência elogiosa pela resistência e capacidade física evidenciada, mas, sobretudo pelo excelente contributo na construção do espírito de grupo.

Ponte sobre o rio Alvoco, em Vide 

Por fim um agradecimento à Sra. Gina Pinto de Brito, Presidente da Junta de Freguesia de Alvoco da Serra, pelo apoio logístico.

Links com dados do percurso:




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