quinta-feira, 24 de setembro de 2015

2.º Dia - De Braga a Campo do Gerês pela Geira ou Via Nova

Braga
Segunda Feira, 27 de Julho de 2015.

Depois de na véspera termos passeado tranquilamente pela cidade de Braga, seguiu-se uma noite de merecido repouso, recuperando do esforço da véspera. Pela manhã nada melhor que um reconfortante pequeno almoço, antes de iniciar a jornada há muito aguardada.



Azenha em ruínas - Rio Cávado
A intenção de passar pelo Mosteiro de São Martinho de Tibães ficou adiada para outra oportunidade, assim, do centro de Braga seguimos em direcção a Palmeira e à Ponte do Bico, sobre o rio Cávado, um local aprazível onde saltam à evidencia as ruínas de uma velha azenha, bem no meio do rio, o que adorna ainda mais este local de belo enquadramento paisagístico...








Caldelas
Continuámos pela EN205, para Rendufe, passando ao largo do Mosteiro beneditino de Santo André e prosseguindo em direcção à estância termal de Caldelas, para a primeira subida do dia, com algum grau de dificuldade até Paranhos, para atingir o lugar de Santa Cruz, onde se encontra sinalizado a Via Romana XVIII, a Geira, no seu traçado por Terras de Bouro. 





Santa Cruz - Início da Geira
 milha XIV marca o início da Geira, em Santa Cruz, momento aproveitado para captar imagens, prosseguindo de seguida o caminho. Contudo algo de estranho se passava, uma vez que nunca mais alcançávamos a milha XV e em lugar de subir, descemos cerca de dois quilómetros e meio. Foi então que chegamos a uma povoação, onde nos informaram o que já tínhamos inferido, seguimos pelo caminho errado. Distracções que o corpo paga, uma vez que a solução mais aconselhável era voltar a subir o percurso que atá a descer tinha sido árduo.



Geira - Primeiro km em estradão
Finalmente alinhados no caminho da Geira, após desfazer o engano, fomos obrigados a reparar na majestade da paisagem por terras do Gerês, onde os raios do sol dão cor à vertente, que alterna a vegetação rasteira com enormes pedras, verdadeiros blocos de granito que  ponteiam a encosta de cinzento.




O esforço do Joaquim e...

As duas primeiras milhas foram dóceis, percorridas por estradão bem largo, aqui e ali com algumas pedras que ainda sobram da antiga estrada romana a oferecer dificuldade, por via da erosão. Contudo, passada esta fase inicial, o caminho cresceu em beleza da mesma forma aumentou em dificuldade.




... primeiro furo - Foto de J. Aguiar
Não se pode dizer que a subida da Geira fosse muito acentuada, as dificuldades com que nos deparámos resultaram sobretudo da ausência de indicação em dois pontos estratégicos, que dificultaram um pouco a progressão, uma vez que obrigaram a paragens desnecessárias, e, a partir da milha XVII, o corte de vegetação deixou um sem número de silvas e outros espinhos, que por quatro vezes originaram outros tantos furos nas rodas da bicicleta do Joaquim. 




Geira I - Joaquim em grande estilo 
A partir da milha XX, enquanto o José Botelho ajudava o Joaquim Tavares a substituir, pela segunda vez, a câmara da Cannondale, fui prosseguindo até à milha seguinte para saber se nos encontrávamos na rota certa, face à ausência de sinalética numa bifurcação, embora a intuição apontasse para que subíssemos a encosta, apesar do mau estado do caminho, muito estreito e pleno de vegetação silvestre. 



Geira I - Foto de J. Aguiar
Fui prosseguindo até efectivamente verificar que me encontrava no caminho da Geira, no entanto as dificuldades foram crescendo, com muita pedra e água, tornando a via cada vez mais tortuosa. Por duas vezes tive que abrir cancelas que me barravam a progressão, tendo igualmente atolado a perna direita na terra, plena de água. E assim prosseguia, por um caminho com tanto de belo como de inóspito. 



Geira III
Foi então que o telemóvel resolveu ajudar, ao permitir um tempo de descanso para atender o José Botelho, O Joaquim já não tinha mais câmaras de ar, assim iriam abandonar a Geira e fazer o caminho restante, até Covide, pela primeira estrada de asfalto que encontrassem. Atendendo à dureza da via, aconselhei que o fizessem, uma vez que haveria sempre o risco de novo furo.


Milha XXI
À medida que me aproximava de Covide, ficava para trás a vegetação mais baixa e agreste, com a Geira a ladear as encostas para penetrar por uma zona de frondosa vegetação, onde predominam, entre outras espécies, carvalhos e castanheiros que filtram os fortes raios de sol,  quando estes espreitam entre o arvoredo. 




Calçada Romana
Depois do enorme esforço despendido a vencer as dificuldades já narradas, finalmente entronquei na estrada em asfalto que me levaria a Covide, onde aproveitei para fazer uma pausa no primeiro café que encontrei, onde lanchei regaladamente, no terraço fronteiro da casa, coberto por uma parreira.




Enquanto descansava, a curiosidade de alguns presentes e o meu à vontade habitual, promoveu um bom momento de conversa, sempre agradável, quando os convivas se mostram bons conversadores. 

Como a passagem pela Mata de Albergaria estava a ser aguardada com alguma expectativa, atendendo ao seu encanto natural,  e, dado o adiantado da hora, previa-se que para chegar a Bubaces, na Galiza, seria ainda necessário percorrer mais 30 a 35 km, o que implicava passar pelo frondoso bosque quase de noite. Concordámos terminar a jornada no Campo do Gerês. 


Campo do Gerês
Deste modo, embora a conversa estivesse a decorrer de forma agradável, urgia pôr-me a caminho dPousada de Juventude de Vilarinho das Furnaspara tentar garantir dormida, reiniciando no dia seguinte o Caminho pela Geira.

De Covide a Campo do Gerês ainda faltava subir cerca de três quilómetros. Felizmente, quando cheguei, ainda havia alojamento disponível.  A Pousada de Vilarinho, para além da excelente localização e condições que oferece, conta também com um grupo de funcionárias eficientes, prestáveis e sobretudo bastante simpáticas.


Pousada de Vilarinho das Furnas
Deste modo, embora a conversa decorresse de forma agradável, tinha que me pôr a caminho da Pousada, ainda faltava subir cerca de três quilómetros até alcançar a povoação de Campo do Gerês. onde esta se encontra localizada. Felizmente havia alojamento disponível.  A Pousada de Vilarinho, para além da excelente localização e condições que oferece, conta com um grupo de funcionárias eficientes, prestáveis e sobretudo bastante simpáticas.

Enquanto aguardava pelo meus amigos aproveitei para lavar a bicicleta e botas, que estavam pejadas da terra negra da Geira. Quando finalmente chegaram, providenciámos um duche prolongado, sucedendo-se uma caminhada pelo Campo do Gerês na procura do repasto.

No final de um dia extenuante nada como um bom jantar, tendo este decorrido num simpático e acolhedor restaurante do Campo do Gerês, com dois elementos do grupo a contraírem um surpreendente namoro com duas garrafas de vinho verde, a acompanhar um suculento bife. Depois de cumpridos 62 km de Braga a Campo do Gerês, pelo magnífico e difícil percurso da Geira, nada melhor que terminar a jornada desta forma. 

A jornada seguinte irá desenrolar-se pelos frondosos bosques da Mata de Albergaria, continuando o Caminho da Geira, pela Portela do Homem até às Termas de Bubaces, para onde está previsto um momentos de relaxe nas quentes águas do Rio Caldo, continuando depois pelo Caminho Natural de São Rosendo, 



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