quarta-feira, 17 de abril de 2013

Caminho Português de Santiago - VI

Domingo, 5 de Agosto. Xunqueira de Ambia - Oseira.
Apetecia ficar mais umas horas na cama, mas a vida de peregrino é andar ou pedalar, assim antes de alvorecer já se preparavam alforges, em Xunqueira nem uma cafeteria aberta. Foi preciso pedalar quase cinco quilómetros para tomar o pequeno almoço.
O Joaquim de volta dos alforges























Até Ourense o percurso foi favorável. Entrámos na velha cidade termal, situada nas margens do Minho,  pelas 08:30, com o Quim a ter que resolver um problema na roda.
O Caminho aproximava-se do seu termo, o cansaço acumulado reflectia-se no meu rendimento, assim, sempre que se vislumbrava uma pausa, eu aproveitava-a da melhor forma.
Em Ourense tinha passado de visita há um ano atrás, assim não dediquei muito espaço a fotos. 
Tratando de fazer amigas

Enquanto o Quim tentava resolver o problema bicicleta, o Aguiar tirava fotos, aproveitei para reajustar o pequeno almoço, antevia-se uma generosa subida depois de Ourense.
Podeis crer que estava bom tanto o café, como o queque de canela

Assim, enquanto os meus amigos andavam ocupados, após a pausa ilustrada na imagem, fui andando em direcção à ponte medieval sobre o Minho, aqui tirei algumas fotos e aproveitei o espreitar do sol para estender a roupa na ponte.
Ourense, Ponte Medieval sobre o Rio Minho
Prossegui uma vez que  o relógio já apontava para as 10:30. Na saída de Ourense, a má sinalização do Caminho fez-me andar às voltas, perdendo tempo e energia. 
Pormenor curioso do comboio à saída de Ourense
Uma tasquinha pitoresca
O Caminho prosseguia por uma enorme rampa asfaltada, inserida num  denso bosque, o grau de inclinação, não me permitia pedalar, o peso dos alforges, da bicicleta, e, a bem dizer, a má forma foram em conjunto determinantes para que tivesse de empurrar a bicicleta serra acima.
Quando finalmente deixei de ter que empurrar a bicicleta e alforges, indaguei, junto de um casal que cozia polvo para venda, tipo como quem vende na feira, um local para saciar a sede e encher o depósito de combustível! Tinha pedalado cerca de 100 metros quando encontrei o local indicado.
Polvo à galega
Antes de me sentar, e à pergunta: o que queres comer, respondi, sem hesitação, polvo à galega e pão,  para beber cerveja sem álcool fresquinha, tal era a sede que foram quatro.
Mal tinha começado a almoçar, vislumbrei o Joaquim que entretanto passava, foi preciso chamá-lo, depois de instalado, olhou para o meu prato e logo se decidiu pelo polvo, estava uma maravilha. Conhecedor daquele pitéu desde 2007, aquando do meu primeiro Caminho,  deste polvo que nos foi servido nunca mais me esquecerei!. Então o Joaquim que nunca tinha experimentado a iguaria, ficou fã.
Prosseguimos para Cea, antes de aqui chegar reagrupámos novamente. Não comprámos o famoso pão, mas vontade não faltou.
Em Cea o pão é mais famoso que os monumentos
De Cea, optámos por seguir para Mosteiro de Santa Maria de Oseira, e em boa hora o fizemos, é sublime a beleza e dimensão deste desta construção cisterciense.

O final desta penúltima jornada do Caminho foi um dos momentos altos deste Caminho Português, o ambiente de espiritualidade presente em Oseira contagiou-nos. Não é exagero referir que nos sentimos como que três miúdos num passeio à Eurodisney ou coisa semelhante.
Página oficial do:Mosteiro de Santa Maria de Oseira
Pernoitámos numa das alas do mosteiro, destinada a hospedaria de peregrinos, nessa mesma qualidade fomos convidados a assistir a uma celebração do monges em clausura, que se mantêm ainda  em actividade neste magnífico monumento cisterciense, com nalguns aspectos comparável a Alcobaça.
Momento de repouso e descontracção
Sentimos de forma mais acesa o ambiente e o espírito do Caminho, à visita guiada seguiu-se a celebração religiosa e o merecido repasto para repor as energias, gastas durante a  excelente jornada por terras galegas.
Oseira, nas imediações do Mosteiro
Após o jantar, um passeio para alongar as pernas e apreciar a grandeza do mosteiro que visto de noite parece ainda maior, recolhendo de seguida ao albergue para a última noite, no dia seguinte ... Santiago.
Para além de nós, em Oseira, o número a pernoitar no albergue não ultrapassava a meia dúzia. 
Hospedaria, numa ala do mosteiro
Neste dia fizemos 64,76 km, com 492, 29 km percorridos desde Coimbra. Para chegar a Santiago ainda faltava cumprir cerca de 90 km.


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