SEMPRE NO CAMINHO
Os primeiros trabalhos de investigação e identificação do antigo Caminho Português a Santiago na Galíza, que realizámos durante os anos 1992-93, não nos permitiram salvar o itinerário entre Orbenlle e O Porriño; o indubitável traçado histórico fora ocupado pelo maior polígono industrial da Galíza e a estrada N-550, não tendo na altura infraestrutura nenhuma que facilitasse salvar esta verdadeira "penitencia". O decorrer do tempo e a construção de infraestruturas como o caminho habilitado junto ao rio Louro permite-nos agora apresentar-vos este novo itinerário que vem fazer justiça ao Caminho Português na sua primeira etapa na Galíza.
Desde logo, em todos os nossos trabalhos, ajustámos, sempre que possível, os itinerários históricos, contudo, o que fazer quando "a historia" passa por um polígono industrial, uma concentração de armazéns, uma autoestrada ou um pântano? O purismo histórico absoluto só pode ser reivindicado pelos que desconhecem absolutamente o território e/ou jamais dobraram as costas no trabalho de campo, no entanto é muito claro que já desde os tempos de Valiña cada época teve o seu Caminho, e que no século XXI os peregrinos têm direito, como os seus antepassados, a ter os seus próprios Caminhos de Peregrinação
Apresentámos-vos um itinerário humilde, profundamente galego, que percorre num espaço natural único incorporando, nalguns pontos, o antigo Caminho Real entre Tui e Vigo. Num espaço rodeado por naves industriais e infraestruturas de toda índole, autoestrada, via rápida, caminho de ferro, mais de quarenta por cento deste decorre por velhos caminhos de terra rodeados por uma natureza esplêndida e o seu traçado acrescenta apenas uns quinhentos metros mais que o itinerário pelo atual Polígono Industrial das Gándaras e a estrada N-550. Colocámos neste trabalho, realizado de forma completamente altruísta, por e para os que caminham, esforço, paixão, alma e sentimento; agora já não nos pertence, é vosso, dos peregrinos.
Queremos agradecer expressamente a colaboração dos vizinhos e dos técnicos de Património e o Xacobeo da Junta de Galíza, que em todo momento apoiaram e entenderam este projeto; a Luis Freixo, por incorporar no mesmo uma alternativa preparada exclusivamente para impossibilitados; e, expressar também a nossa lembrança especial a quem desde a sua humilde atalaia do Cebreiro soube mostrar-nos o Caminho: Elías Valiña. Dedicamos este trabalho em agradecimento a todo o que nos ensinou e semeou para o futuro; obrigado, Elías.
Bom caminho a todos. Ultreia e sus eia!
Coordenação : José Antonio de la Riera
Investigação, documentação e trabalho de campo: José Antonio de la Riera, Manuel Garrido y Luis Freixo.
Fotografias: Manuel G. Vicente
Tradução do artigo António José Matos
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