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sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

COIMBRA, PERCURSOS POR ESPAÇOS E JARDINS COM HISTÓRIA - Percurso I - Torres do Mondego a Freguesia Verde

Na diversidade do espaço público passível de percorrer diariamente na cidade de Coimbra, bem como em alguns dos seus lugares confinantes, muitas vezes não atentamos, porque absortos na azáfama do quotidiano, na beleza que nos propiciam alguns desses lugares, quer através do coberto vegetal, da traça arquitectónica ou da expressão artística evidenciada em muitas esculturas, estrategicamente localizadas, ou mesmo da poesia que encontramos no mítico e romântico Penedo da Saudade.

Foi com o propósito de partir à redescoberta da diversidade de jardins e monumentos de Coimbra e bosques da sua área circundante que dou inicio a uma pequena série de artigos alusivos ao tema “percursos por espaços e jardins com história”, começando por um percurso envolvente ao maior rio nascido em Portugal, junto ao seu afluente em Coimbra, o rio Ceira.

Percurso I - Torres do Mondego, a Freguesia Verde


Mondego a montante da foz do Ceira, lá ao fundo as Torres

Início:  Ponte da Portela do Mondego. Rio Mondego, margem esquerda; Carvalhosas; Palheiros, Praia Fluvial;  Zorro, Minas de Barbadalhos; Praia Fluvial - travessia da ponte pedonal; Porto Meio; Casal da Misarela; Mata de Vale de Canas. – 12 km

Regresso: Mata de Vale de Canas, jardim; Torres do Mondego, Perdigais; Torres do Mondego, Eira do Coelho; Torres do Mondego, Porto das Carvalhosas; Portela do Mondego; Coimbra, Boavista; Parque Linear do Vale das Flores. – 11 km

Extensão do Percurso 1: 23 km – Duração do percurso: a pé 06:00 de BTT 2:15  




quarta-feira, 18 de novembro de 2015

5.º dia, de Cea a Santiago de Compostela.

 A caminho de Castro Dozón 
Quinta Feira, 30 de Julho de 2015


A chuva resolveu aparecer no derradeiro dia e como em Cea não encontrámos local onde comer, pedalámos em direcção a Castro Dozón, para o pequeno almoço no Café Ojea, em Arenteiro - Piñor, por sinal bastante acolhedor e onde reencontrámos entre outros a Maria Jose Cerezo e a Berta Simarro, de Valência, que também pernoitaram no albergue de Cea, e faziam o que ainda faltava do Caminho na companhia de mais dois peregrinos, um dos quais português.




sábado, 25 de julho de 2015

Caminho Português de Santiago pela Geira ou Via Nova.

Coimbra, 25 de Julho de 2015, dia de Santiago.




Com partida prevista para as 04:50 H do próximo Domingo, os "meninos" da imagem acima já contam com 4,7Kg cada. Vai ser bem sofrida a subida do Gerês, que se perspectiva para o 2.º dia. No primeiro dia, do Porto percorremos parte do Caminho da Costa, até Esposende, invertendo depois Braga, onde contamos pernoitar,

Daqui seguiremos em direcção ao Gerês, pela Geira, até entroncarmos na Via da Prata, em Ourense.





terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Caminho Português, 4.º dia, de "Arcade" a Santiago

Pelas Rias Baixas: Puente Sampayo, "Vrea Vella de A Canicouba", Pontevedra.


"Puente Sampaio - Rio Verdugo"
Domingo, 14 de Setembro de 2014. Arcade, após uma tranquila e reconfortante noite de descanso, a manhã apresentava-se cinzenta ameaçando trazer alguma chuva.
"Puente Sampaio"

No “Lar de Pepa”, albergue em que pernoitei depois da extenuante e magnífica jornada de Caminha até Arcade, relatada na Edição 42 da "Passear", mal saí do quarto, abeirei-me do terraço onde contemplei o casario que se estende até à ria de Vigo.

Depois de examinar as nuvens e tentar adivinhar se a chuva me acompanharia na jornada, recolhi ao quarto com o intuito de arrumar os alforges, inspeccionar a bicicleta e, por fim, partir para a derradeira jornada do Caminho Português de Santiago, pela Costa.



quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Caminho Português da Costa

Entre Espinho e o Porto
Antes de começar a crónica relativa ao meu Caminho Português de Santiago, pela Costa, o qual iniciei em Aveiro, pedalando na companhia do João Paulo Simões, sempre ao longo da ria até ao seu final, continuando pela orla marítima, até à cidade do Porto, após ter saído em 10/09/2014 da cidade de Coimbra, onde adquiri e carimbei a Credencial no Mosteiro de Santa Clara a Nova, entendi que devia publicamente expressar o meu reconhecimento ou agradecimento a algumas pessoas a que abaixo faço referência.


Senhora da Pedra
Assim, desde o João Paulo, que pedalou comigo os primeiros 100 km de ligação à Invicta, transportando na sua viatura as bicicletas de Coimbra até à vizinha e bonita cidade de Aveiro, à Sandra Marina que me apoiou na decisão de fazer mais um Caminho, quero, neste espaço, referir igualmente dois verdadeiros amigos, o José de la Riera, pela atenção e informações prestadas, e, em particular, o Luís Freixo, pela bondade e empenho generoso, traduzido na preciosa ajuda que me prestou no último dia, na cidade de Vigo, quero endereçar o meu reconhecido agradecimento.


Compostela
O meu reconhecimento também ao José Botelho e Joaquim Tavares, habituais companheiros de Caminho e que  imponderáveis de diversa ordem impediram a que fizéssemos o Caminho de Santiago juntos, como tem sido hábito. Contudo não perderam pitada, e foram incentivando, mesmo à distância.




Albergue de "Aguncheiro", em Mougas
Uma vez no Porto, a minha intenção foi seguir o Caminho de Santiago, pela Costa, o que efectivamente sucedeu, a partir do emblemático local do Castelo do Queijo, na Foz, logo seguido pelo Padrão da Légua, em Matosinhos. 

Primeiro pensei em seguir por La Guardia, Baiona, Ramalhosa e Vigo, derivando pelo Salnés, mas a leveza de algibeira orientou-me por Cerveira, Valença e Tui.


Mosteiro de Santa Maria de Oia



quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Caminho Português de Santiago pela Costa

No Caminho Português Interior de Santiago, em 2012

Em 2012 retomei os Caminhos de Santiago, o último tinha sido em 2009, logo com o difícil, mas não menos belo Caminho Interior, de Coimbra por Viseu, Lamego, Ourense, até Compostela.

No ano transacto conheci o Caminho Central Português, de Coimbra a Santiago. Hoje vou iniciar a partir do Porto, com ligação de comboio de Coimbra a Aveiro e daqui partindo de bicicleta até à Cidade Invicta, onde darei início ao meu Caminho Português pela Costa. 

Ultreia e Suseia

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Bicicletas, a moda que pegou de estaca.


Texto e Fotografia: António José Soares
Longe vão os tempos dos inícios dos anos noventa, ocasião em que comprei a "velinha Órbita de montanha", pela quantia de 42.000$00, correspondentes a 200 euros actuais, para dar umas "voltinhas" de fim-de-semana por Coimbra e região limítrofe.

Então, era raríssimo cruzar-me com outros ciclistas a quem saudar com o tradicional "bom dia". Na altura a moda parecia ter pegado e formou-ser um grupo heterogéneo, para "voltinhas domingueiras", que passaram a ser obrigação domingueira.

Contudo o grupo foi-se dissolvendo ao longo do tempo, por razões díspares. No entanto lá fui resistindo, mas vicissitudes várias forçaram a escassa utilização da bicicleta.

2007 foi um ano de viragem, passei a utilizar a bicicleta de forma mais regular, sobretudo nas deslocações para a minha actividade profissional, com novo fôlego, em parte motivado pela conclusão do Caminho Francês de Santiago,o qual percorri ao longo de onze jornadas, até concluir os seus 840 km, na Praça do Obradoiro.

Paulatinamente passei a engrossar o grupo dos "cicloactivistas" que, com a sua persistência, procuram captar e influenciar outros interessados a uma prática lúdica e desportiva, bem salutar. Apenas lamento a fraca utilização da bicicleta de 2010 a 2011, de que me ressenti mais tarde, facto de que me arrependo, sobretudo pelos dias em que não consegui vencer a preguiça.

Por Julho de 2012, então de férias na praia do Carvalhal, na Comporta,  comecei a intensificar uma prática que não precisa de argumentos para justificar a sua adopção. Então não me recordo de ter visto algum ciclista por aquelas paragens. No entanto, regressando ao mesmo local, dois anos mais tarde, para um curto período de férias, desta vez em Agosto, foi  com agrado que verifiquei o  aumento exponencial de utilizadores de bicicleta  a circular localmente no acesso às praias, outros de passagem, com alforges nas bicicletas, pedalando ora  para norte ora para sul,  indiciando voltas mais longas.


Antiga ponte ferroviária da linha do Dão, agora transformada em 50 km de via totalmente ciclável, sem dúvida um projecto de sucesso, com recurso a fundos comunitários.
Felizmente constata-se cada vez mais a existência de movimentos espontâneos sobretudo de ciclistas ou "cicloturistas" que procuram cativar, nomeadamente através  da demonstração de experiências positivas, no âmbito da mobilidade suave, demonstrando experiências cativantes, sobretudo dando a conhecer lugares fantásticos do cantinho lusitano, através de pequenos vídeos ou com recurso à fotografia.

Pontualmente vão surgindo também algumas infra-estruturas, com vias ou pistas apelativas à circulação de bicicleta, geralmente por iniciativa de uma ou outra autarquia.


Infelizmente, os casos são esporádicos e embora existindo um documento orientador estratégico, para a implementação de projectos de meios de transporte suave, amigos do ambiente, a efectivação dos mesmos tem sido escassa.


Ciclovia na Murtosa: nem sempre o recurso a tapetes betuminosos para construir ciclovias é a solução mais adequada, os "estradões" como ilustra a imagem é uma boa solução para percursos mais ecológicos.

Apenas com determinação, grande desígnio estratégico e séria vontade de fazer obra concertada envolvendo os governos nacional e regionais e autarquias, independentemente da cor política, assim como as empresas de transporte de passageiros, com dimensão nacional e regional, será possível atingir metas que todos desejaríamos.
Ponte da Cal ladeada de ponte metálica pedonal. A edificação de estruturas que facilitem a circulação pedonal e de bicicletas é sempre de enaltecer.

A CP poderia e devia ter uma acção mais pro-activa, bem como a Carris e os STCP, os Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra, os Transportes Municipais de Braga, assim como demais serviços de outras cidades, facilitando e incrementando a circulação de bicicletas no material circulante, no caso das empresas de transportes e as autarquias com politicas efectivas e eficazes de incentivo à salutar utilização das duas rodas não motorizadas.

A prioridade às obras faraónicas de custos elevadíssimos e benefícios reduzidos para populações, tem sido o caminho seguido, as verbas despendidas em alguns dos viadutos da autoestrada 13, dariam para financiar folgadamente a conclusão do projecto Metro Mondego, obra começada e inacabada. Deixo aqui a sugestão para que se aproveita a obra feita em pista ciclável, como forma de minimizar prejuízos às populações de Miranda do Corvo, Lousã e Coimbra.   


Está também ao nosso alcance participar, apelando e dando sugestões, mobilizando mais interessados, para engrossar cada vez mais o grupo dos "cicloativistas". No entanto é importante assinalar que cabe sobretudo às organizações empresariais e territoriais corresponder à vontade, cada vez mais expressiva e generalizada de uma grande franja da população portuguesa.
Ponte Pedro e Inês, ligando o Parque Verde, implantado nas duas margens do Mondego, em Coimbra, epicentro de uma vasta zona ciclával.


Termino com um apelo, façamos de Setembro o mês europeu sem carros suplantando o dia ou a semana europeia sem carros.

Por fim, parafraseando o saudoso e excelente jornalista Vítor Santos, se bem que a propósito de um outro tema, atrevo-me a dizer que finalmente a "bicicleta pegou de estaca". Não se trata apenas de uma moda passageira, antes de um modo de vida ou melhor, de uma forma de estar na vida.


Mobilidade em destaque:


Torres Vedras

O município disponibiliza um sistema de aluguer de bicicletas públicas - "Agostinhas". O cognome  consiste numa homenagem ao ilustre ciclista  Joaquim Agostinho. As "Agostinhas", estão distribuídas por 11 Estações de Bicicletas Públicas,  pela Cidade de Torres Vedras, junto às escolas, áreas comerciais e serviços públicos. São disponibilizadas bicicletas standard a pedal e eléctricas. Também são disponibilizadas bicicletas com cadeiras para crianças e cestos de transporte de pequenos objectos.



San Sebastian


Merecê de excelente aproveitamento de verbas comunitárias, ao abrigo do Programa Civitas, tem uma rede de ciclovias urbanas invejável, exemplo a seguir em toda a Europa.

domingo, 29 de setembro de 2013

Caminho Português - O Regresso

Vigo, 04 de Agosto de 2013.

Praia do Samil - Vigo
Magnífica jornada, a impossibilidade de transportar as bicicletas no comboio, a partir de Vigo, determinou que optássemos por dormir nesta cidade, onde chegámos por volta das 22:00 horas. O adiantado da hora remeteu-nos para uma pensão bem modesta onde desembolsámos a módica quantia de €15 pela  dormida! A hora tardia não impediu uma breve incursão pela noite de Vigo. Enquanto o Aguiar se  ficou pela pensão, servi de cicerone ao Joaquim Tavares, menos familiarizado com a cidade.

Pela manhã, bem cedo, iniciámos o percurso pela costa, que nos iria levar a Caminha. O Aguiar ora seguia na dianteira ora se atrasava, numa cadência ditada pela câmara fotográfica e pela roda de trás que estava sempre a exigir ar.

Baiona
Reagrupámos em Baiona para o pequeno almoço, onde a distracção da empregada da cafetaria ignorou o pedido do Aguiar que em legítimo acto de protesto resolveu arrancar. Apenas nos viríamos a encontrar em A Guarda.

O excelente dia de Agosto permitiu que usufruíssemos de um magnífico passeio, ao longo da costa, sempre em zonas cicláveis, e, a partir de Baiona, por ciclovia.

A incursão por Baiona foi premiada por uma pequena actuação de um grupo etnográfico local, de que aqui deixo um excerto da actuação.

Fortificação - Baiona
Continuando pela costa, ainda pensámos em dar um mergulho, mas a incerteza de encontrar transporte para o regresso fez-nos mudar de opinião.

Melhor que quaisquer palavras as imagens ilustram a jornada, que nos agradou bastante, quer pelo ar que respirámos, quer pela beleza da paisagem.

Em A Guarda reagrupámo-nos de novo e aproveitámos para a tradicional tapa e a correspondente cerveja. Esperámos cerca de uma hora pelo ferry que nos atravessou para Caminha.

De imediato nos dirigimos para o apeadeiro da CP, mas em vão, porque por duas vezes nos foi recusado o transporte das bicicletas no comboio.

Uma vergonha, em lugar de incentivarem os utentes a utilizar o comboio mais parece que pretendem o contrário. A CP, que proíbe o transporte de bicicletas nas linhas do Douro e Minho, quando, pela natureza das regiões, teriam que incrementar e incentivar o uso do comboio. Verdadeira estupidez e "tacanhesa" portuguesa, enfim, somos ricos...

A viagem para Coimbra foi de autocarro, para o efeito fomos obrigados a desmanchar e embalar as biclas. As pobres coitadas no fim de tanto tombo que levaram nos Caminhos, nem lhes foi permitido descansar convenientemente, as burrinhas, tão bem que se portaram, excepto a do Aguiar que é mais teimosa e obrigou o dono a periodicamente dar à bomba a partir do quinto dia, mereciam um tratamento mais cuidado, próprio de majestosas éguas.


  Clique para ver


Pontevedra a Santiago de Compostela, 75 km.

03 de Agosto de 2012, 5.º dia.


Albergue de Pontevedra
Primeiro Sábado de Agosto,  acordámos para a derradeira jornada do Caminho, após cumpridas as exigências indispensáveis deixámos o albergue de Pontevedra, procurando local para tomar o pequeno-almoço. 

Bem no centro da cidade, próximo da ria, encontrámos finalmente uma cafetaria onde os clientes eram maioritariamente peregrinos. Ao balcão, um "borracho" bebia uma cerveja, ao mesmo tempo que tirava do sério o proprietário do estabelecimento.


Pontevedra despertava timidamente, apenas nas proximidades do mercado municipal era visível alguma agitação matinal. Alguns "borrachos" ainda deambulavam pelas ruas. Mas o destaque ia, sem dúvida, para a quantidade de peregrinos, de todas as idades e nacionalidades, que faziam o Caminho Português.

Pontevedra - Início da 5.ª Jornada

Os primeiros quilómetros, após Pontevedra, sempre na companhia de muitos peregrinos, no Caminho ninguém está só, mesmo os que, por qualquer motivo, pretendam percorrê-lo nessa condição.


Junto à igreja de Santa María de Alba
Continuámos na companhia de muitos peregrinos, junto à igreja de Santa Maria de Alba estive à conversa com peregrinos provenientes de Cádis, ainda perguntei se conheciam Camilo, um amigo que fez comigo o Caminho Francês em 2007, embora as probabilidades fossem muito poucas.

Por  Caldas de ReisValga 

A beleza do percurso estampa-se nas imagens que apresento, mas é difícil descrever o sentimento que interiorizamos.
A aproximação a Santiago é um estado antagónico, por um lado queremos chegar depressa, por outro apetece continuar no Caminho.


A imagem que se repete todos os anos na Praça do Obradoiro, por muito idêntica que possa parecer, encontra sempre particularidades diferentes, o sentimento é sempre novo.

Praça do Obradoiro 


Finalmente a chegada a Santiago de Compostela, pelas 16:16, estava feito o meu Caminho Português,  a via mais percorrida, entre Coimbra a Santiago estava por fim concluída. Agora, sempre que passe em Tui não preciso de me lamentar de ainda não ter feito o Caminho Português, como acontecia anteriormente.
Após a conclusão do Caminho Português de Santiago, em 2012 pelo interior, e agora o Caminho Central, a vontade e a determinação de continuar a pedalar em direcção a Compostela mantém-se, quiçá ainda mais acesa. O sonho de repetir o Caminho Francês está latente, assim existam condições para o tornar uma realidade. Porém, enquanto tal não acontece, há que pensar em fazer outros Caminhos mais acessíveis...

Fotos do 5.º dia


sábado, 28 de setembro de 2013

Crónica do 4.º dia do Caminho Português, entre Rubiães e Pontevedra

Rubiães, 02 de Agosto de 2013.

 A noite foi atribulada, um peregrino de nacionalidade alemã passou mal, pelo que foi necessário chamar por socorro médico. Na altura não percebemos bem o que se estava a passar, pensei, inclusive, que seriam os primeiros peregrinos a sair do albergue. O Aguiar continuou sempre ferrado que nem uma pedra, não deu por nada. Finalmente uma noite sem que se tivesse dado  por ele. 
Primeiras horas do Caminho, após saída do albergue de Rubiães

Este dia iria ser diferente dos anteriores, saímos do albergue, pelas 07:56,  à medida que se progredia no Caminho, encontrávamos cada vez mais peregrinos. O pequeno almoço foi tomado em Rubiães, onde contámos com a simpatia  e boa disposição do proprietário.

Na véspera, apesar de termos chegado tarde ainda convivemos um pouco com alguns peregrinos espanhóis, fiquei também a saber pela Olívia, de Viana do Castelo, que as melhores Bolas de Berlim são as do Manel e não do Zé, estou a referir-me ao Natário, que tem as melhores Bolas de Berlim do Mundo.

Após o pequeno almoço aproveitei para trocar contactos com o Vítor Matos, de Coimbra, que fazia a peregrinação na companhia de um espanhol de Saragoça e de uma rapariga de Valência.

A jornada que marcou a entrada do Caminho Português por terras da Galiza,  foi caracterizada pelas frequentes paragens, ora para trocar dois dedos de prosa com os peregrinos, ora para as indispensáveis fotos, ou para reabastecimento.

Continuámos a cruzarmos-nos com os peregrinos que viajavam quer em grupos quer individualmente e a transmitir a habitual saudação de Bom Caminho. Pouco depois, já em São Bento da Porta Aberta, continuámos por terreno montanhoso, em direcção a Gontomil, altura em que parei para uma foto de conjunto com cerca de  40 a 50 peregrinos americanos, certamente ainda mais inspirados pelo filme The Way, com Martin Sheen no principal papel.

Depois do divertido encontro com o numeroso grupo de peregrinos americanos, com quem troquei a captação de imagens, foi a vez de reencontrar a Olívia de Viana do Castelo e as suas colegas de Valência, nova troca de contactos e depois de alguns dedos de conversa, lá voltámos a pedalar.
Valença e Tui
A entrada em Valença foi acompanhada por chuva ligeira, que entretanto desapareceu. Como os primeiros quilómetros foram lentos, tratámos de nos fornecer logo no primeiro supermercado, para uma refeição à base de sandes e fruta.

Subimos à Fortaleza, onde é sempre agradável a vista sobre o Minho bem como para o outro lado da fronteira. Depois de algumas fotos prosseguimos descendo da Fortaleza em direcção ao antigo posto fronteiriço.

Antiga ponte do rio Minho
Enquanto atravessava a velha ponte, não resisti a tirar algumas fotos. Estava entusiasmado, tantas foram as vezes que por ali andei, sempre com o mesmo pensamento, tenho que fazer um dia o Caminho Português. 

Em boa verdade, tinha planeado fazê-lo em 2008, mas ainda bem que decidi nesse ano acompanhar o Joaquim Tavares e o José Botelho, naquele que foi um belo fim de semana alargado, e que já dei conta na Página acima indicada, com o título Finisterra, foi igualmente uma magnífica aventura, se assim se pode chamar. 

A entrada em Tui pelo Caminho Português tinha que ser assinalada, precisamente junto ao primeiro marco que encontrámos em território galego, lá tirámos a foto de conjunto.

Prosseguimos pelo vale do rio Minho até encontrar a Ponte da Veiga, antes desta ponte medieval virámos à esquerda, seguindo num passeio agradável por frondosos  bosques.

Monumento ao peregrino, ao fundo a Ponte de Veiga

Continuámos a seguir as as setas e detivemos-nos na histórica Ponte das Febres ou de São Telmo, onde é visível uma placa com os seguintes dizeres Aquí enfermó de muerte São Telmo, en abril de 1246. Pídele que hable con Dios en favor tuyo. São Telmo, bispo patrono de Tuy e de Frómista, faleceu neste local quando se dirigia em peregrinação a Compostela.


Ponte das Febres ou de São Telmo

Seguimos pelos bosques até A Madalena, continuámos alcançando outra ponte medieval, a Puente de Orbenlle sobre o rio Louro. Atravessamos a ponte e iniciamos uma ligeira subida até chegar ao Polígono Industrial das Gándaras.

As sucessivas paragens que o Caminho impõe, traduzem-se numa velocidade média mais baixa, assim, nalgumas ocasiões temos que compensar o tempo gasto, para não desvirtuar o plano traçado.
Puente de Orbenlle
A travessia do Polígono Industrial do Porriño foi efectuada debaixo de um sol forte, e com a maior velocidade que as pernas permitiam, dado tratar-se de uma zona pouco agradável, muito exposta e movimentada, sem dúvida o ponto negro do Caminho Português, na Galiza, finalmente, depois de um esticão mais forte, para passar o quanto antes a zona industrial, chegámos a Porriño.
Porriño
Prosseguimos pela estrada que liga Porriño a Redondela, abandonando-a um pouco à frente, na direcção de Amieiro Longo.
Apesar de o dia ter começado cinzento e até com alguma chuva em Valença, a tarde estava com um sol forte. Assim, em Mos, parámos para beber uma bebida refrescante junto ao Palácio e à igreja barroca de Santa Eulalia.

Duas peregrinas a iniciar a subida da rua dos Cabaleiros

A acompanhar as bebidas, foram-nos gentilmente oferecidas umas porções de empanada Galega. Posso dizer que vieram mesmo a calhar, o corpo precisava de algum combustível para iniciar, desde Mos a subida de um dos lugares mais simbólicos do Caminho Português, a ingreme subida da Rúa dos Cabaleiros.

A subida da Rua dos Cabaleiros, Mos

Após a difícil subida até ao alto do Inxertado, aqui penso termos recebido a justa recompensa, pela dupla e agradável paisagem verde, dos bosques e dos terrenos sempre muito bem cultivados. 

A Galiza faz bem ao corpo e à alma, a agradável sensação de percorrer terras galegas é indescritível, mas seguramente absorvida por todos quantos trilham estes caminhos.  

Inicio da meseta de Chan de Pipas pela via Romana

O Caminho segue a Via Romana, assinalada pelo miliário de Vilar de Infesta, atravessando a meseta de Chan das Pipas.

Após a planura de Chan de Pipas, descemos pelo Caminho que envereda pela N550. e depressa chegámos a Redondela, numa altura em que começou a rarear o encontro com os demais peregrinos, a esta hora, muitos já se encontrariam instalados nos albergues. Mas não podíamos pensar ainda em encostar as bicicletas, para nós a jornada teria que terminar em Pontevedra.


Próximo de Redondela

Em Redondela efectuámos uma paragem junto ao albergue, situado num edifício histórico do século XVI, conhecido como Casa da Torre, que se destaca pela sua arquitectura e pelo seu uso prático e cultural. 

Albergue da Casa da Torre, Redondela

Ao sair de Redondela comecei a acusar alguma fadiga, um pouco motivada pelo ritmo inconstante e a necessidade de uma refeição, ainda que ligeira, do que pelo acumular de quilómetros  realizados. 

Passada a ponte do caminho de ferro, segundo informações concelhias, da autoria de Eiffel, o Caminho sobe, rodeado por uma zona arborizada, atingido o cume, iniciámos a descida,  interrompida para observar e fotografar a Ría de Vigo e a ilha de San Simón.
Ria de Vigo e a ilha de San Simón

Encontrámos de novo a N550, que percorremos, entrando em Arcade, capital das ostras na Galiza. Bem que nos apetecia forrar aqui o estômago, mas era importante chegar, ainda dia, a Pontevedra, assim decidimos que o melhor era mesmo tratar do assunto em Pontevedra, já com banho tomado.
Ponte medieval em Pontesampaio

Seguia o Aguiar na frente, secundado pelo Joaquim e ainda pensava na paella que ficou para trás, quando vejo um automóvel sair de uma curva que antecede a histórica Ponte Sampaio, a toda a velocidade e quase desgovernado. Não sei se foi Santiago, mas por pouco o enorme susto não tinha virado em tragédia.
Pontesampaio

Passada a histórica ponte sobre as águas do rio Verdugo, entrámos em Pontesampaio. Seguimos um dos troços mais bonitos do Caminho Português, na Galiza, a Vrea Vella da Canicoubar, subimos o antigo caminho empedrado até à encruzilhada para Nuestra Señora de Amil, frequentado desde as épocas mais remotas e onde são visíveis marcas das rodas dos carros, sulcadas nas velhas lousas.
Vrea Vella da Canicoubar

Continuámos em direcção a Pontevedra, descendo o Caminho, rodeados por pinheiros, até aos 
vales de Alcouce e Boullosa. A paisagem modifica-se à medida que progredimos, chegando finalmente ao albergue de Pontevedra.
Velha calçada romana
Seguiram-se os afazeres normais até ficarmos instalados, e, após o duche, arriscámos sair do albergue para jantar no centro da cidade.
A descer para Pontevedra
A partir daqui aconteceu um pouco de tudo, o jantar que coube melhor em sorte ao Joaquim e ao Aguiar, com um aperitivo de deliciosos mexilhões, chuva no regresso, albergue fechado, a termos que passar as bicicletas por cima do gradeamento, e, quando pensámos que o pior tinha passado, as portas do albergue estavam fechadas.

Foi uma sorte umas portuguesas de Braga terem ouvido a minha chamada,  sorte porque uma delas reconheceu a minha voz, de termos estado a tagarelar antes da saída para o jantar.

Mas não foi tudo, de tanta pressa que estava, tinha esquecido carteira com dinheiro, máquina fotográfica , tudo, no pátio do albergue. Não fora uma malta de Braga que também estava a fazer o caminho de bici e estava feito. 


Um bom jantar na Galiza , dá sempre para ficar alegre
Percorremos na jornada 76 km, chegámos a Pontevedra por volta das 20:00, um pouco exaustos e a necessitar de um bom duche, como de água para beber.