Texto e Fotografia: António José Soares |
Então, era raríssimo cruzar-me com outros ciclistas a quem saudar com o tradicional "bom dia". Na altura a moda parecia ter pegado e formou-ser um grupo heterogéneo, para "voltinhas domingueiras", que passaram a ser obrigação domingueira.
Contudo o grupo foi-se dissolvendo ao longo do tempo, por razões díspares. No entanto lá fui resistindo, mas vicissitudes várias forçaram a escassa utilização da bicicleta.
2007 foi um ano de viragem, passei a utilizar a bicicleta de forma mais regular, sobretudo nas deslocações para a minha actividade profissional, com novo fôlego, em parte motivado pela conclusão do Caminho Francês de Santiago,o qual percorri ao longo de onze jornadas, até concluir os seus 840 km, na Praça do Obradoiro.
Paulatinamente passei a engrossar o grupo dos "cicloactivistas" que, com a sua persistência, procuram captar e influenciar outros interessados a uma prática lúdica e desportiva, bem salutar. Apenas lamento a fraca utilização da bicicleta de 2010 a 2011, de que me ressenti mais tarde, facto de que me arrependo, sobretudo pelos dias em que não consegui vencer a preguiça.
Por Julho de 2012, então de férias na praia do Carvalhal, na Comporta, comecei a intensificar uma prática que não precisa de argumentos para justificar a sua adopção. Então não me recordo de ter visto algum ciclista por aquelas paragens. No entanto, regressando ao mesmo local, dois anos mais tarde, para um curto período de férias, desta vez em Agosto, foi com agrado que verifiquei o aumento exponencial de utilizadores de bicicleta a circular localmente no acesso às praias, outros de passagem, com alforges nas bicicletas, pedalando ora para norte ora para sul, indiciando voltas mais longas.
Antiga ponte ferroviária da linha do Dão, agora transformada em 50 km de via totalmente ciclável, sem dúvida um projecto de sucesso, com recurso a fundos comunitários. |
Pontualmente vão surgindo também algumas infra-estruturas, com vias ou pistas apelativas à circulação de bicicleta, geralmente por iniciativa de uma ou outra autarquia.
Apenas com determinação, grande desígnio estratégico e séria vontade de fazer obra concertada envolvendo os governos nacional e regionais e autarquias, independentemente da cor política, assim como as empresas de transporte de passageiros, com dimensão nacional e regional, será possível atingir metas que todos desejaríamos.
Ponte da Cal ladeada de ponte metálica pedonal. A edificação de estruturas que facilitem a circulação pedonal e de bicicletas é sempre de enaltecer. |
A CP poderia e devia ter uma acção mais pro-activa, bem como a Carris e os STCP, os Serviços Municipalizados de Transportes Urbanos de Coimbra, os Transportes Municipais de Braga, assim como demais serviços de outras cidades, facilitando e incrementando a circulação de bicicletas no material circulante, no caso das empresas de transportes e as autarquias com politicas efectivas e eficazes de incentivo à salutar utilização das duas rodas não motorizadas.
Está também ao nosso alcance participar, apelando e dando sugestões, mobilizando mais interessados, para engrossar cada vez mais o grupo dos "cicloativistas". No entanto é importante assinalar que cabe sobretudo às organizações empresariais e territoriais corresponder à vontade, cada vez mais expressiva e generalizada de uma grande franja da população portuguesa.
Ponte Pedro e Inês, ligando o Parque Verde, implantado nas duas margens do Mondego, em Coimbra, epicentro de uma vasta zona ciclával. |
Termino com um apelo, façamos de Setembro o mês europeu sem carros suplantando o dia ou a semana europeia sem carros.
Por fim, parafraseando o saudoso e excelente jornalista Vítor Santos, se bem que a propósito de um outro tema, atrevo-me a dizer que finalmente a "bicicleta pegou de estaca". Não se trata apenas de uma moda passageira, antes de um modo de vida ou melhor, de uma forma de estar na vida.
Por fim, parafraseando o saudoso e excelente jornalista Vítor Santos, se bem que a propósito de um outro tema, atrevo-me a dizer que finalmente a "bicicleta pegou de estaca". Não se trata apenas de uma moda passageira, antes de um modo de vida ou melhor, de uma forma de estar na vida.
Mobilidade em destaque:
Torres Vedras
San Sebastian
Merecê de excelente aproveitamento de verbas comunitárias, ao abrigo do Programa Civitas, tem uma rede de ciclovias urbanas invejável, exemplo a seguir em toda a Europa. |
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