terça-feira, 17 de novembro de 2015

4.º Dia, Celanova - Cea, pelo Caminho Natural Interior de São Rosendo

Quarta-Feira, 29 de Julho de 2015.



Casa Torre Medieval
Em Celanova, o itinerário do Caminho de “San Rosendo” recomeça na “Plaza Mayor”, mesmo em frente ao mosteiro beneditino e finaliza na ponte romano-medieval de Ourense. Poucos quilómetros percorridos e logo se avista a pequena povoação de Vilanova dos Infantes, distingue-se pela sua paisagem e pelo pequeno núcleo urbano compacto e bem conservado, em redor da singular casa torre da Baixa Idade Média, de onde deverá observar, certamente, uma excelente panorâmica de todo o vale.


Vilanova dos Infantes 
Continuando pelo itinerário de São Rosendo, passámos pelas povoações de “Carfaxiño” e “Viveiro”, antes de chegar ao rio Arnoia, onde encontrámos uma área de lazer junto às suas margens. Continuámos por um estreito caminho ao longo da sua margem esquerda, acompanhados pelo constante murmúrio da água, até chegar a uma ponte de granito que nos permitiu passar para a outra margem...






Trilho na margem esquerda do Rio Arnoia

A extrema beleza destas paragens, onde um cenário verdadeiramente idílico se conjuga com o constante murmúrio da água a cair das levadas, transmitindo-nos uma rara sensação de bucolismo.

Pequena ponte em granito

A partir do leito do rio subimos por uma pista florestal que nos levou ao santuário mariano de “Nosa Señora das Marabillas”. Esta igreja barroca é de grande simplicidade, com a fachada principal ladeada de pilastras adossadas, sendo este o único elemento ornamental.



Santuário de “Nosa Señora das Marabillas
Continuando pela Galiza rural, chegamos à aldeia de Nigueiroá, onde podemos ver um conjunto de milheiros, “hórreos”, em galego, símbolo de uma terra de abundância, que soube modernizar e diversificar os seus cultivos.


Casa típica da Galiza
Prosseguimos por frondosos bosques, até chegar a Loiro, à entrada da povoação encontra-se a igreja paroquial de “San Martiño”, de estilo românico. Por esta altura já estávamos a ficar fatigados da dureza do pisos, com muita brita nalguns troços. 

Assim rolámos os últimos dez quilómetros por estrada até alcançar A Valenza, onde, finalmente, nos deliciámos com “pulpo à feira”, ou polvo à galega.


"Camiño de San Rosendo"

Prestes a entrar em Ourense, como já conhecíamos a chamada zona histórica, enveredámos na direcção da Ponte do Milénio, subindo a pé até a um dos pontos mais altos, a fim de admirar o magnífico cenário sobre o rio Minho. Logo de seguida pedalámos pela zona verde, junto à margem esquerda do rio, até atingir a ponte antiga. 


Ourense, ponte romana - medieval 

Na ponte medieval encontrámos novamente a sinalização do Caminho de Santiago e, um pouco à frente, a bifurcação por Tamallancos ou por Canedo, até Casanovas, onde o caminho se reúne novamente num único troço. 


Bifurcação do Caminho - Ourense

A partir da ponte antiga seguimos em frente pela avenida “de las Caldas”, passando ao lado da estação de caminho de ferro e continuámos pela N-120. Um pouco à frente, encontrámos o restaurante “O Fogón” eseguimos pela sua direita, até encontrarmos um  túnel que permite a passagem sob a linha do caminho de ferro.



 “Costiña de Canedo”
Assim que transpusemos o caminho de ferro estava-nos reservada a maior dificuldade do dia, a dura subida da “Costiña de Canedo”. Trata-se de uma íngreme estrada em asfalto, onde esforçadamente vencemos uma altura de 275m em apenas 2,1 km. O Joaquim Tavares foi o primeiro a chegar a Castro de Beiro, logo seguido do José Botelho, com o autor destas linhas a encerrar o grupo de fuga, perdendo alguns minutos para os da frente.


A minha prestação nesta mesma subida, comparativamente ao ano de 2012, ano em que percorremos o Caminho Português Interior de Santiago, foi incomparavelmente melhor. Na altura recordo que a efectuei a subida, quase sempre, com a bicicleta à mão.

César, O Peregrino - Foto José Botelho

Em Castro de Beiro o restaurante onde nos deliciámos com um magnífico polvo à galega, encontrava-se encerrado, assim prosseguimos por um longo e recto caminho em terra até Reguengo, onde encontrámos “Parada do Peregrino”, o bar do César, também ele um peregrino, onde podemos comer ou beber, sem necessidade de pagar, aqui o pagamento é voluntário, contribui-se com o que se pode. 

Ainda ficámos para cima de meia hora à conversa com César, o estalajadeiro/peregrino, que disse adorar Portugal. Orgulhosamente mostrou-nos uma camisola da Selecção Nacional Portuguesa, e para minha surpresa, exibiu um pin da Académica de Coimbra.

"Buen Camiño"
Para lhe evidenciar o meu academismo, de imediato me apressei a tirar do alforge uns calções da Briosa, a fim de posarmos para a foto. César ainda comunicou com o estalajadeiro do albergue de Cea, para que nos aguardasse, uma vez que a partir das 20:00 H. era habitual o Senhor ir fazer a ronda pelos cafés, e, caso não o encontrássemos teríamos dificuldade em ali pernoitar. Estávamos, sem dúvida no Caminho e a viver o seu espírito...

Trilho dos castanheiros

Depois de nos despedirmos continuámos a pedalar, cerca de um quilómetro à frente, enveredámos por um bucólico caminho que serpenteia entre castanheiros e carvalhos, percurso exigente, uma vez que foi preciso navegar por cima de enormes pedras, o que exigiu de nós alguma perícia, até chegar a uma interessante ponte medieval, de um só arco, sobre o rio Barbantiño, a Puente de Mandrás. 



Puente de Mandrás

Depois de cruzar o rio atravessámos a aldeia de Mandrás, prosseguimos por uma zona de bosque até chegar a Cea, onde nos instalámos no albergue de peregrinos. Inicialmente ainda pensámos em cozinhar, mas o adiantado da hora não o permitia. Assim, saímos para jantar no único restaurante que encontrámos. Felizmente fomos bem acolhidos e jantámos muito bem, por bom preço, Se o deixassem, o José Botelho tinha comido todo o pão que havia! Na verdade, o pão era muito bom.

Torre do Relógio na Praça Maior
Cea é muito conhecida pelo famoso pão artesanal e ancestral, uma vez que a sua origem remonta ao século XIII, sendo considerado por muitos o melhor pão do mundo. É único na Galiza e Espanha. Também as casas em granito, milheiros - "hórreos", e a torre do relógio, do início do século XX, na Praça Maior, singularizam a imagem de Cea, a qual, antes de nos deitarmos, percorremos a pé quase na totalidade.
Cea - Albergue de peregrinos


Esta penúltima etapa, acabou por ser mais curta que a anterior, Até Cea, desde, que começamos a pedalar no Porto, completámos 301,87 km, como em Celanova o valor acumulado era de 237,55 km, acabámos por apenas fazer 64,32 km.

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